A História da Calça Feminina

As calças são as peças de roupa mais usadas em todo o mundo. Atualmente usadas por homens e mulheres, ela também já foi um ítem exclusivo do vestuário masculino.

A História da Calça Feminina
(Foto de capa-Criador: Aleksander Kaczmarek | Crédito: Getty Images/iStockphoto)

As calças são as peças de roupa mais usadas em todo o mundo. Atualmente usadas por homens e mulheres, ela também já foi um ítem exclusivo do vestuário masculino. Há suspeitas recentes de que as calças surgiram a cerca de 3300 anos na China.

Segundo a revista Época, foram encontradas duas calças de lã chinesa em escavações arqueológicas. Elas foram descobertas por acaso pelos arqueólogos alemães Ulrike Beck e Mayke Wagner durante suas expedições no cemitério de Yanghai, na bacia do rio Tarim.

Apesar da recente descoberta desses fatos, a história nos conta que as primeiras calças teriam sido usadas pelos Persas no século VI ac. Por habitarem uma região montanhosa de temperaturas baixas e serem peritos em cavalaria, teriam criado a calça, que acabou sendo considerada um traje típico da cultuura persa por todos estes séculos. As mulheres persas também usavam calças. As calças femininas eram largas, semelhantes a saias.

No entanto, no ocidente a calça feminina só foi lançada mais de 2 mil anos depois, no século XIX. Ela era vista como um símbolo do poder masculino, então não foi um processo fácil para as mulheres começarem a vestir calças.

Durante o século XIX as roupas das mulheres começaram a passar por transformações mais ousadas. Muitas mulheres lutavam para se libertar dos exageros da silhueta vitoriana, da diferenciação social por meio do vestuário e da desigualdade de gênero. A estilista Elizabeth Smith Miller foi uma das percussoras desta reformulação das roupas femininas. Ela foi a criadora das Calças Bloomer,.

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blogModacad-cal-afeminina-criticabloomer Crítica exposta em jornal contra a masculinização das mulheres, nos desenhos as mulheres vestem as calças bloomer (Fonte: wikimedia commons)

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As pernas das calças eram bufantes e apertadas nos tornozelos. O look simulava uma saia, porém com o comprimento até um pouco abaixo dos joelhos. Mas a cintura ainda era bem apertada. Sua maior entusiasta foi Amélia Jenks Bloomer, que além de ser sua usuária mais fiel, divulgou a peça em sua revista The Lily com tanta paixão, que acabou por se tornar o nome da peça.

Apesar de todo o burburinho causado, as calças Bloomer não duraram muito e só integraram novamente o guarda-roupas das mulheres décadas mais tarde, em 1890. Em torno desta década, as mulheres começaram a aderir à prática de exercícios físicos, por exemplo o ciclismo. Porém, era praticamente impossível andar de bicicleta com as saias pesadas e volumosas da época, mesmo com as anáguas (calças intimas femininas) por baixo. Então, as mulheres precisaram usar calças para esta atividade.

Claro que mesmo esse discreto passo das mulheres, usar calças para andar de bicicletas, já foi bastante criticado. As mudanças no vestuário feminino, especialmente o uso de calças, chocava a sociedade porque essas mudanças eram vistas como uma masculinização dos trajes femininos. O fato das mulheres usarem calças era tão incômodo para a sociedade, que em Paris havia uma lei de 1800 proibindo o uso de calças por mulheres. A lei foi aplicada pela última vez em 1930, mas curiosamente, só foi eliminada em 2003.

Aos poucos o universo fashion foi se abrindo para a calça feminina. Um dos responsáveis por isso foi o estilista francês Paul Poiret, que em 1909 lançou a calça odalisca. Era um modelo também volumoso nas pernas, com a barra ajustada ao tornozelo, porém, feito em tecidos leves, com um caimento e uma aparência bem ao estilo das calças orientais.
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Fancy_dress_costume_MET_DT7446-1 Modelo odalisca de Paul Poiret (Fonte: MetMuseum/ Domínio público)

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Depois das calças Bloomer e das calças odalisca, foi a vez das "jupes-culottes", que fizeram sua estréia nas ruas no ínício do século XX, causando estranheza e curiosidade. Uma das reclamações mais comuns era que a roupa marcava o corpo das mulheres, exibindo assim suas curvas, o que foi considerado um atentado ao pudor pela sociedade machista da época. Esta moda também pegou no Brasil. Aqui essas calças eram chamadas de saia calção.
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Modelos de calça Jupes Culottes em 1911 (Fonte: Gallica.bf.fr)

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Um importante ícone da introdução da calça feminina na moda é estilista francesa Coco Chanel. Ela criou uma nova e mais confortável modelagem para as calças. Chanel começou criando calças para ela mesma usar. A originalidade e genialidade de sua obra foi incorporar em suas produções os novos anseios e necessidades das mulheres nas primeiras décadas do século XX. Quando a famosa calça pantalona de Chanel, usada em seus passeios, foi incorporada às suas coleções, atrizes e personalidades começaram a usa-las, levando a uma adesão em massa do uso destas pantalonas pelas mulheres. Os modelos pantalona, criados por ela, são usados até os dias de hoje.

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Gabrielle_Chanel_en_marini-re-1 Coco Chanel e sua famosa pantalona (Fonte: Domínio Público/Wikipedia)

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Nos anos 30 as calças femininas já eram mais aceitas pela sociedade, portanto já eram usadas por um número bem maior de mulheres. Ainda causavam estranheza, mas o uso de calças por mulheres já não era mais considerado um crime.

Durante os anos 40, com a ausência dos homens nas atividades produtivas em decorrência da Segunda Guerra Mundial, as mulheres foram convocadas para o mercado de trabalho. Com isso, as calças ganharam mais espaço na vida das mulheres, desta vez por suas qualidades utilitárias.

Entre os momentos mais marcantes da calça feminina, podemos destacar a década de 60. Nesse período, André Courrèges lançou oficialmente a peça como um item de moda, o estilista tinha uma pegada futurista em suas criações.

Além dele Yves Saint Laurent introduziu no universo feminino o conjunto smoking com calça. Sua criação visava posicionar a mulher como uma figura poderosa, sem perder a feminilidade. Os looks eram compostos por camisas com transparências e acabamentos mais delicados.
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Yves_St_Laurent_le_smoking_at_deYoung_Museum_San_Francisco Modelos de smoking e calça criados por Yves Saint Laurent expostos no Museu de São Francisco (Fonte: Wikimedia commons)

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Nos anos 70 a calça feminina ganhou definitivamente as ruas e os looks femininos. Foi uma década em que a moda unissex começou a tomar forma. Além da liberdade de usar calças, as mulheres ainda possuíam diversas opções: conjuntos calças jeans e jaquetas de couro, as leggins, calças bocas de sino, jeans rasgados.

Nas décadas seguintes os modelos de calças foram acompanhando as tendências de cada temporada, seguindo assim até os dias de hoje.

Muitas vezes as calças que foram símbolos da moda em outras décadas voltam em releituras adaptadas para a moda atual, como o caso das pantacourts, que se tornaram um verdadeiro fenômeno nas últimas temporadas.

As calças jeans são as preferidas e as mais usadas pela maioria das mulheres, como publicamos no post Curiosidades sobre o Jeans. Elas atendem a diversos estilos e possuem variados modelos.

Os looks de alfaiataria também fazem um sucesso especial entre as mulheres, principalmente depois da nossa ascensão no mercado de trabalho.

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