História das Rendas - seus diferentes padrões e técnicas

(Fonte de capa: pxHere)

A renda é um tecido com espaços vazados criados pela forma do entrelaçamento dos fios, resultando em um efeito que dá para ver através do tecido. Em alguns casos o efeito é de transparência, em outros é o de uma rede vazada tecida pelos padrões de desenho.

Em ambos os casos, as rendas são o resultado de um trabalho de tecelagem complexo, manual ou mecanizado, cujo objetivo é a ornamentação de roupas, objetos ou até de ambientes.

A renda usada como o tecido de uma roupa ou como aviamento, confere distinção ao modelo pela beleza dos desenhos e também pela complexidade do trabalho de sua execução. Carregadas deste sentido de nobreza, as rendas eram originalmente tecidas à mão, com fios de linho, seda, algodão e até mesmo de ouro e prata.

Hoje também existem as rendas populares, com seus preços mais acessíveis, tecidas por processos mecanizados, com fios sintéticos, artificiais ou mistos. Em todas as suas formas, as rendas dão beleza e requinte a todo tipo de produto em que são aplicadas.

Telma Barcellos

Existem muitos tipos de renda, produzidas por diferentes técnicas e padrões. Esta variedade dos processos de produção das rendas resulta uma variedade infinita de desenhos.

Grande parte das rendas que vemos hoje é produzida à máquina nas indústrias, mas ainda existe a produção artesanal, manufaturada. Esta produção é muito valorizada, mesmo com seus altos custos, pela beleza dos desenhos e por serem estas rendas registros de técnicas carregadas de cultura e história da humanidade.

Técnicas e padrões

Renda de Bilros

A renda de bilros é feita com o apoio de uma almofada presa a um suporte de madeira. Essa almofada serve como base para o trabalho artesanal. O trabalho segue a orientação de um molde do desenho que será tecido, preso com alfinetes na almofada.
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(Crédito:ElioTo/iStock)

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A rendeira segue o desenho para trançar os fios com os bilros. As linhas contornam os alfinetes e assim a artesã ou artesão realiza o trançado formando a renda.

Renda feita com agulha

Essa renda é feita com apenas uma agulha, um fio e um tecido encorpado.
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(Crédito:ByczeStudio/iStock)

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Ela é trabalhada sobre um desenho preso com pontos ao tecido. Assim que a renda está finalizada, cortam-se os pontos que a prendiam ao tecido.

Renda Alençon

Esse padrão é confeccionado com as pontas das agulhas. O método surgiu na França. Normalmente essas rendas possuem desenhos florais e fundos transparentes. A textura é suave e o toque macio.

Renda Chantilly

O estilo da Renda Chantilly tem um toque tradicional e clássico. É um modelo de renda francesa que é feita através de fios torcidos e trançados ao redor de boninas. Geralmente essa renda é feita de seda ou linho.
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Renda Chantilly (Crédito:Polina Tuliakova/iStock)

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Renda Bordada

Essa delicada padronagem de renda é costurada em cima de base neutra. É usada em tecidos como tule.

Renda Guipure

A Renda Guipure é mais rígida e armada. Ela também é chamada de guipir, gripir ou gripier.
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(Crédito:MARIIA MALYSHEVA/iStock)
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Geralmente é feita de linho ou seda e tem detalhes em relevo formando arabescos.

Renda Renascença

A renda renascença é um bordado feito à mão. Possui traços marcantes, com entrelaçados delicados.
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(Crédito:fotocelia/iStock)

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Ela pode ter padrões diferentes, dependendo da técnica usada.

História

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A origem das rendas ainda é incerta. Povos muito antigos usavam tecidos com aspecto de renda. Os Fenícios podem ter sido os disseminadores destes tecidos na era antiga, através de seu comércio marítimo, que chegou até à costa portuguesa. Considerando estes registros, a origem das rendas estaria em alguma data entre 3 e 20 séculos antes da era Cristã.

Telma Barcellos

Considerando registros mais recentes, se dividirmos todas as técnicas de produção de renda em duas - a de muitos fios (a de bilros) e a de um fio só (as técnicas de agulha), podemos generalizar que as evidências apontam que a origem da primeira seja Flandres, região belga, e a da segunda seja a Itália.
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A técnica de produção da renda de bilros (Crédito:Spitzt-Foto/iStock)

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O registro histórico escrito mais antigo está em um documento feito em Milão em 1493, mencionado no livro “A renda de bilros e sua aculturação no Brasil”.

O registro em italiano diz: “em una binda lavorata a poncto de doii fuxi per uno lenzolo”, cuja tradução é “uma faixa trabalhada a ponto de doze bilros para bordar um lençol”.
Diário do Nordeste

A evolução da História da renda se espalha pela Europa. Nos séculos XVIII e XIX os principais núcleos produtores das rendas de vários fios - de bilros, foram as cidades de Chantilly e Valencienses na França. Cada uma dessas regiões tinha seu próprio desenho.

No mesmo período, os principais núcleos produtores das rendas de agulha eram as cidades francesas de Alençon e Argentan, e a cidade italiana de Veneza.

As rendas inicialmente eram usadas nos mantos do clero e da realeza, em muitas situações tecidas com fios dourados e prateados. A renda passou a ser usada em chapéus, e acessórios para cabelos, aventais e enfeites nas roupas entre os séculos XVII e XVIII.
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No Brasil, parece que a primeira vez que se falou na palavra renda, foi ainda no reinado de D. Sebastião em 1560.

Mas foi só no reinado de D João V, com início 130 anos depois, que a produção nacional já era uma realidade. Durante este reinado, as produtoras de rendas nacionais entram em conflito com o protocolo da corte que obrigava o uso das rendas flamengas nas roupas. Este fato é a origem da "revolta das rendeiras nortenhas", que só vai conquistar de volta a liberação do uso da renda nacional nas roupas brancas de uso das pessoas em 1751, no reinado de D José.

De lá para cá, a evolução dessa história é longa e está intimamente ligada à evolução dos desenhos, nomenclatura e tradições da produção de rendas nacional.

Telma Barcellos

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Existem diferentes tipos de renda produzidas no Brasil(Crédito:anzeletti/iStock)

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A região nordeste ainda tem algumas das mais tradicionais produções de renda, principalmente nos estados do Sergipe e Ceará.

A renda no Brasil, durante muito tempo foi feita pelas freiras nos conventos, que teciam a renda para decorar os altares das igrejas. O método foi ensinado a outras mulheres e foi repassado de geração em geração.

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