A História da Saia
A saia é uma das peças de roupas mais antigas do mundo. Apesar de ser considerada atualmente por várias culturas como uma peça feminina, a saia ou, o antepassado da saia, surgiu no período Mesolítico e era usada por homens e mulheres das cavernas para cobrir e proteger o corpo. As peças eram feitas com peles de animais amarradas à cintura.
O registro mais antigo da saia é uma escultura Suméria de 3000 a.c. e muitas civilizações antigas além dos Sumérios fizeram uso da saia, como o Egito Antigo e o Império Romano. Em todas estas culturas as saias eram usadas por homens e mulheres, com pequenas distinções de gênero nos modelos.
As vestimentas masculinas no Egito Antigo eram mais semelhantes às saias como as conhecemos hoje. A parte inferior das túnicas do Império Romano também era bem semelhante às saias como as conhecemos atualmente. Após a extinção destes impérios as gerações posteriores conservaram alguns aspectos culturais, incluindo as vestimentas.
As vestimentas masculinas no Antigo Egito eram mais parecidas com as saias contemporâneas. As femininas lembram mais nossos vestidos (Fonte: wikimedia commons)
Durante o período das invasões após a queda do império romano no sec IV, há registros de que as saias eram usadas pelos povos bárbaros. Também para eles, nessa época, roupas para homens e mulheres ainda não tinham grandes diferenças. No caso das saias a distinção de gênero era o comprimento, sendo as peças mais curtas usadas pelos homens e as mais compridas usadas pelas mulheres.
As roupas usadas pelos povos barbaros não tinham muita distinção de gênero (Crédito:Lorado/iStock)
Só no século XII a saia começou a ser considerada uma peça de uso mais feminino nas culturas ocidentais. Na Europa a saia começou a ser acompanhada por corpetes que acentuavam a cintura feminina. Os modelos também ganharam mais volume com pregas e franzidos, iniciando assim uma diferenciação mais clara entre a vestimenta de mulheres e homens nestas culturas.
Algumas das antigas distinções de gênero se consevaram, como por exemplo, as roupas das mulheres continuarem a ser mais compridas que as roupas dos homens. A partir deste período, alguns modelos de saias e túnicas passaram a destacar ainda mais o comprimento longo feminino com as caudas.
Os modelos masculinos ficaram mais curtos e os femininos mais volumosos e compridos como mostra essa ilustração do século XII (Fonte: Wikicommons/Domínio público)
Apesar da história da moda existir desde as primeiras criações de roupas, a moda como movimento estético surgiu na metade do século XIV nas culturas ocidentais, quando a forma de se vestir passou a ser usada mais claramente como forma de distinção social e de gênero.
As cores, os tipos de tecidos e os modelos das roupas diferenciavam os nobres dos plebeus. A nobreza vestia moda! Usava trajes com as novidades do momento, feitos com tecidos orientais, pedrarias e originalidades trazidas pelos mercadores de outras regiões do mundo. Enquanto a plebe usava roupas apenas como vestimenta, para cobrir e proteger o corpo. Não tinham recursos para usar tecidos requintados e coloridos e o design das peças se modificava apenas de acordo com a necessidade de durabilidade ou de funcionalidade para o trabalho. O poder aquisitivo e a reputação social que dava acesso a tecidos e aviamentos de qualidade eram inalcançáveis.
A estética da moda pede a descoberta de novos tecidos, pigmentos, aviamentos, peças para bordados e, é claro, a criação constante de novos modelos. Nesse contexto, do sec XIV em diante na Europa, novas peças de roupas são criadas em um volume crescente e passam a integrar o guarda roupa da nobreza. Entre elas está o espartilho, criado na Inglaterra, por volta do século XVI, inicialmente para dar suporte aos seios, o espartilho aos poucos vai sendo adotado em toda a Europa.
O curioso é que o espartilho só vem a ser usado para afinar a cintura mais de dois séculos depois, quando novos materiais de confecção tornam isso possível.
As saias amplas usadas com o espartilho bem ajustado à cintura, valorizam um aspecto da silhueta feminina íntimamente relacionado com atração sensual e beleza. Talvez por isso esta silhueta tenha sobrevivido a tantas mudanças de época e comportamento, mesmo que significasse o sacrifício do conforto e da mobilidade de muitas gerações de mulheres.
Durante o século XVIII o espartilho foi conquistando mais espaço e as saias sobrepostas, usadas para gerar volume, foram substituídas pela armação chamada de panier. Essa estrutura sutentava a saia de tal forma que possibilitava um aumento do volume nunca antes usado. Em alguns modelos a saia chegava a ter até 2 metros de largura.
Sobre esta armação era colocada a anágua e sobre a anágua a saia, que podia ser aberta ou fechada (divisão criada pelos historiadores atuais). As saias abertas tinham uma abertura frontal que permitia a visualização da anágua, que nestes modelos era ricamente adornada. Enquanto as saias fechadas eram inteiriças. Os principais tecidos para confecção destas saias eram o veludo, o musseline, tecidos brocados e adamascados.
Wikipédia
Cintura Império, o modelo que ganhou as ruas após a Revolução Francesa (Fonte: wikimedia commons)
Em 1789 após a vitória da burguesia na Revolução Francesa, os burgueses se inspiraram no estilo de vida de gregos e romanos antigos para construir sua "nova civilização". As mulheres deixaram de usar o espartilho, aderindo ao uso de roupas mais leves e esvoaçantes. A cintura passou a ser logo a baixo do busto, o que é hoje conhecido por cintura império. As saias desta época eram compridas e passavam a idéia de leveza.
O espartilho volta a ser usado no início do século XIX, por volta do ano de 1820, pois a cintura fina volta a ser o padrão de beleza. As mulheres voltam a usar saias amplas, que acompanhadas do espartilho, dão a impressão de afinar ainda mais a cintura. 10 anos depois, em 1830, surgem novos modelos de saias como estas, porém mais curtas, na altura no tornozelo, e um pouco mais largas.
Em torno de 1850 as saias voltam a aumentar ainda mais o volume e o comprimento. Isso foi possível por causa do surgimento da crinolina de armação, que substituiu as anáguas, armando os tecidos para os modelos volumosos. Antes, a armação das anáguas que dava forma às saias era feita de arames costurados em tecido. Além de difíceis de produzir e manter, estas anáguas eram mais rígidas, permitindo poucas variações nos formatos dos volumes e, é claro, poucas novidades nos modelos. Sem contar que seu uso era muito desconfortável.
O uso da crinolina foi passando por transformações ao longo dos anos e na década de 1860 ela ficou mais comprida na parte de trás. Logo depois surgiu a anquinha, um tipo de armação colocada nas costas, abaixo da cintura, que aumentava a curvatura do quadril.
Já na década seguinte, por volta de 1877 o volume das saias volta a diminuir, diminuindo também este destaque para a curva dos quadris. O formato era semelhante a um sino e esse modelo de saias permaneceu em uso até meados de 1910.
No século XX o estilista francês Paul Poiret criou a saia Hobles. Ela era tão apertada que as mulheres precisavam usar algo semelhante a cintos em seus joelhos para não estragar suas saias. Todo o figurino de Poiret era muito suntuoso, cheio de penas, pérolas, bordados, apliques e pedras.
Após a saia Hobles surgiram muitos outros tipos de saias, com formatos, comprimentos e modelos de estilos bem variados, acompanhando as tendências e contextos históricos de cada década do século XX até os tempos atuais.
No nosso próximo post vamos mergulhar um pouco mais nesse tema, continuando nossa viagem pela história da saia no século XX e início do sec XXI, para entendermos melhor o papel da saia na história da moda contemporânea.
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