Vamos falar de Moletom?

Para falar de moletom duas ideias vêm imediatamente à cabeça. Estamos falando da malha ou dos modelos de agasalho feitos com esta malha que chamamos pelo mesmo nome?

Vamos falar de Moletom?
(Foto de capa: pexels)

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Para falar de moletom duas ideias vêm imediatamente à cabeça. Estamos falando da malha ou dos modelos de agasalho feitos com esta malha que chamamos pelo mesmo nome?

Podemos falar das duas coisas! Mas precisamos falar primeiro da malha, para entender como surgiram estes agasalhos que hoje são usados por homens, mulheres, crianças e até bebês pelo mundo todo.
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iStock-1193570171 Modelos de moletom (Crédito:Oleg_Ermak/iStock)

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O moletom é uma malha de dupla face, com um lado de superfície lisa e o outro com felpa e tem este aspecto porque é tecido com dois fios de textura e espessura diferentes.

Esse fio grosso com tessitura mais flexível no lado avesso proporciona um toque mais agradável aos artigos e melhor isolamento térmico. O fio fino do lado direito vem tricotando a meia malha, que dá o aspecto liso e mais firme destas duas faces.

Depois de pronto o moletom pode passar por um tratamento chamado peluciagem. Este processo confere ao tecido um toque macio e aconchegante, que aquece melhor e impede que o calor disperse para longe do corpo.

Em outras palavras, o moletom protege contra o frio com uma sensação de conforto diferente dos outros tecidos que agasalham.

Tricotada originalmente em algodão ou lã, esta malha sempre teve um custo acessível para ser matéria prima na confecção de roupas funcionais, usadas inicialmente por trabalhadores, posteriormente por esportistas e estudantes e, finalmente, por quase todas as pessoas em vários tipos de situação.
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iStock-498713626 O interior do tecido moletom (Crédito:KaraGrubis/iStock)

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Aconchegante! Para mim esta é a característica mais marcante desta malha e é razão suficiente para acreditar que este é o principal motivo para que esta blusa, de modelo similar a uma simples camiseta de manga comprida, quando feita com esta malha, tenha ganho tanta popularidade no começo do século XX e seja cada vez mais popular até hoje. São os agasalhos que chamamos de “Moletons”.

Produzido desde a década de 20 do século passado, este modelo bem simples de “Molletom” já era de uso comum para proteger trabalhadores de frigoríficos na década de 30 nos Estados Unidos.

Ao longo das décadas seguintes, os agasalhos de moletom vão ganhando variações de modelo em um movimento contínuo e crescente, conforme o seu uso vai se popularizando com novos tipos de usuários.
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iStock-1179327389 Modelo canguru (Crédito:Deagreez/iStock)

O moletom se tornou muito popular nos EUA nos anos 60 quando passou a ser usado pelos estudantes universitários.

A cultura hip-hop nos anos 70 popularizou o modelo canguru, um moletom com capuz e um bolso frontal com duas aberturas laterais.

Na década seguinte outras "tribos" também adotaram este modelo com releituras próprias, como por exemplo os skatistas e rappers.

Também na década de 80, o moletom repaginado, desta vez como um artigo de moda, virou estrela de cinema quando foi usado pela protagonista do filme Flashdance.

Lívia Monteiro

Quatro décadas depois, a poucos meses de 2020, quando o moletom completará um século, os agasalhos de moletom continuam presentes nas coleções de moda feminina, masculina e infantil de todos os perfis.

Até hoje são um ícone da moda esporte, mas também fazem parte da moda fitness, casual e até da moda festa. Sem falar que permanecem sendo usados também nas roupas funcionais como uniformes escolares e profissionais.

Os modelos são fechados e abertos, justos e largos, curtos e compridos, com acessórios e acabamentos sempre muito criativos e também feitos com mistura de materiais.

Encontrados em variadas cores e estampas, identificados com as mais diversas tribos, os agasalhos são confeccionados em malhas de moletom de gramaturas bem leves, médias e até nas de gramaturas bem pesadas.
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iStock-1266222692 Moletom cropped (Crédito:doble-d/iStock)

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Atualmente, os agasalhos são confeccionados com moletons de toques sempre macios, mas de aspectos bem variados porque hoje estas malhas são tricotadas com fios das mais diversas composições.

Além é claro, dos avanços tecnológicos dos processos produtivos que criaram novas qualidades e aparências para esta malha tão querida pelo mercado.

Nos anos 90, época em que eu era criança até o ensino médio, praticamente todas as pessoas tinham roupas de moletom. Além dos abrigos com calça que usávamos como uniforme no colégio, os moletons de marcas famosas eram o grande hit da época. E eu usava roupas de moletom tanto para dormir, quanto para ir à escola, também para passear e até para ir a festas.

Lívia Monteiro

Depois dos trainings de moletom da década de 80 virarem moda casual para homens, mulheres e crianças, outras peças de roupas feitas com moletom vão surgindo na década de 90.

Shorts, saias, bermudas, vestidos e macacões de moletom chegaram primeiro à moda infantil e aos poucos ganharam um importante lugar na moda feminina jovem e adulta, para só depois também serem incorporados à moda casual masculina.

Os trainings são conjuntos de calça e agasalhos abertos na frente, criados para os atletas protegerem o corpo aquecido antes e depois da prática de esportes.

Estes conjuntos confeccionados com moletom continuam a ser usados até hoje tanto por atletas quanto, eventualmente, na moda casual feminina, masculina e infantil.

Atualmente o moletom está tão em alta que já apareceu até mesmo nos tapetes vermelhos do Oscar e em eventos glamourosos de outros tipos, sendo usado por fashionistas como Bruna Marquezine, Julia Faria e Camila Coutinho.

Para quem quiser se inspirar basta combinar o moletom com peças e acessórios mais sofisticados como roupas de seda, peças de alfaiataria, sapatos e sandálias com salto, ou maxibrincos por exemplo. O resultado com certeza será um look criativo e bem interessante.

Para finalizar, a versatilidade da malha moletom é tanta que ela tem futuro promissor com as tendências de reciclagem também.

Esse tipo de malha é muito usado para fazer upcycling, ou seja, muitas vezes as sobras das confecções ou peças usadas que seriam descartadas no lixo são reaproveitadas para produzir novas roupas ou acessórios.

Lívia Monteiro

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