Algodão: qualidades têxteis e a produção no Brasil e no mundo
O algodão é uma fibra natural de fina espessura, apenas 10% da espesura média de um fio de cabelo e por isso tem uma textura suave e agradável ao toque. Outra de suas principais características é ser uma fibra hidrofílica e por isso absorver rápidamente a umidade, ao mesmo tempo em que troca temperatura e umidade com o ambiente, secando rapidamente a umidade absorvida.
Simplificando, o algodão é um tecido agradável ao toque, que permite que a pele respire absorvendo o suor sem enxarcar, sendo por isso mesmo um excelente isolante térmico para o calor e para o frio.
O fio de algodão é usado para tecer muitos tipos de tecidos. Dos mais pesados, como a sarja e o jeans, aos levíssimos como o voal de algodão. Na malharia vai do moletom de gramatura pesada, às meia malhas de gramatura bem leves. Sem falar de todos os tecidos e malhas de algodão de composição mista com fibras artificiais e ou sintéticas.
Por isso podemos afirmar que os tecidos de algodão estão presentes nas coleções de todas as estações, na confecção de roupas para pessoas de todas as idades e perfis. E claro, podemos afirmar também que a fibra de algodão é a fibra de tecidos mais usada no mundo.
(Crédito:Funtay/iStock)
Tecidos feitos de algodão como por exemplo o crepe, o cetim, a tricoline acetinada, são tecidos mais leves, ideais para o verão. Já os tecidos pesados são mais usados para o inverno. Mas há os tecidos que por suas qualidades os estilistas usam em qualquer dessas ocasiões, como por exemplo o jeans ou um tecido impermeável de composição mista de algodão com microfibra. Linhas de algodão também são usadas para crochet e tricô. A versatilidade do algodão é incrível.
Tecidos de algodão são os principais tecidos no mundo da moda, mas as fibras de algodão também são usadas para a fabricação de outros tipos de produtos têxteis como toalhas de banho e de mesa, lençóis e artigos de casa em geral.
O algodão também é usado em redes de pesca, para produzir filtros de café, tendas, na fabricação de explosivos, papel de algodão e em processos de encadernação.
(Crédito:PeopleImages/iStock)
O algodão pode ser reciclado ou recuperado, assim muitos resíduos de fiação, de tecelagem e de processos de corte das roupas podem ser aproveitados. Roupas descartadas também podem ser usadas como matéria prima para reciclagem do algodão.
Além da fibra, outras partes da planta também são utilizadas. A semente de algodão produz óleo que pode ser consumido por seres humanos. Também com a semente pode ser produzida farinha usada para reforçar a alimentação de alguns animais ruminantes. A casca de algodão pode ser adicionada a rações de gado leiteiro para aumentar o volume da produção de leite.
O algodão precisa em média de 6 meses de plantio para completar o ciclo de crescimento das fibras.
Apesar de muita gente acreditar que a cor natural do algodão é branca, os tons da fibra de algodão podem variar bastante. As cores mais comuns estão entre o marrom, o bege e o caqui. A variação dessas tonalidades depende da região onde é plantado. Existem também espécies de algodão com fibras de cor verde, roxa, vermelha, cinza, rósea e azul. No entanto, as fibras destas cores são curtas e não são boas para a fiação.
Uma fibra naturalmente colorida não desbota e não precisa do tingimento químico. Sua produção não usa corantes e é menos nociva ao meio ambiente também porque evita o desperdício excessivo de água do processo de tingimento.
(Crédito:PixHound/iStock)
A busca pela preservação do meio ambiente aliada à constante busca pela otimização dos custos de produção resultaram na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para produção de algodão de fibras longas coloridas.
O Brasil já produz algodão colorido com fibras qualificadas para fiação e tecelagem.
A partir do ano 2000, a Embrapa Algodão iniciou suas pesquisas com cultivo de algodão colorido orgânico e agroecológico; ou seja, cultivado em sistema agroecológico. Hoje esse sistema é usado por agricultores familiares da região Nordeste, na produção de uma fibra colorida e ecologicamente correta.
Telma Barcellos
A maior parte da produção de algodão possui fibras médias ou curtas. Uma pequena parte, cerca de 3% possuem fibras longas. Elas são cultivadas no Egito, Estados Unidos e Peru.
(Crédito:jhorrocks/iStock)
As espécies de algodão de fibra longa são a Giza (Egito), ela é branca, brilhante e resistente, e a Pima (EUA e Peru). A Pima é uma espécie de algodão que possui fibra longa mais fina. Ela é mais macia e mais brilhante, também tem a cor natural branca e o tecido de Pima não fica com bolinhas depois de lavado.
Esses tipos de algodão são usados na tecelagem de tecidos finos que atendem ao mercado de luxo. Com certeza você já ouviu falar dos lençóis e toalhas feitas de algodão egípcio, não é mesmo?
No Brasil essas fibras são importadas e misturadas a fibras médias para produzir fios com mais qualidade.
A produção de algodão é uma das maiores agriculturas do mundo e na mesma medida é o seu uso de fertilizantes e pesticidas. Os prejuízos para o meio ambiente contaminam o solo e as águas, afetam a saúde de pessoas e animais, além de contaminar as fibras e tudo o que é produzido com elas.
Substâncias tóxicas derivadas do uso de fertilizantes e pesticidas são absorvidas pelas fibras e entram em contato com a pele de quem as toca. Para a soluçaõ deste problema existe a alternativa da produção de algodão orgânico que é mais saudável para o consumidor e para o produtor. Mas o seu processo de produção ainda é muito caro e reduz, mas não elimina os impactos ambientais.
História
O algodão é uma das matérias primas têxteis mais antigas da humanidade. Os Incas, no Peru, e outras civilizações antigas, já utilizavam o algodão em 4.500 a.C. Registros de antes da Era Cristã, apontam que as Índias eram a principal região de cultura e que o Egito, o Sudão e toda a Ásia Menor já utilizavam o algodão como produto de primeira necessidade nesta época. De acordo com outros registros históricos mais antigos, o início das plantações domésticas começou a cerca de 4000 anos no sul da Arábia.
O nome algodão tem origem árabe, al-quTum e significa "o cotão". Cotão é uma espécie de pêlo que se desprende de certos tipos de tecidos. Em outros idiomas ela gerou as palavras cotton, em inglês; coton, em francês; cotone, em italiano; algodón em espanhol e algodão em português.
A partir do século II o algodão se tornou conhecido na Europa, levado pelos mercadores árabes. Os árabes foram os primeiros a fabricarem tecidos e papeis com a fibra do algodão.
Séculos depois, na época das Cruzadas, os europeus conhecem de perto a cultura árabe e incorporam muito conhecimento. Adotam novas tecnologias importadas da cultura árabe. Mas sobretudo, questionam os dogmas cristãos que aprisionam a mente da investigação científica, quando resgatam o contato com a cultura grega antiga através dos árabes. Começa alí uma mudança de mentalidade que culmina na revolução científica, seguida da produção de tecnologia do iluminismo, que lança a cultura ocidental a uma posição de vanguarda tecnológica e cultural.
Nos séculos seguintes, a Europa protagoniza uma modernização das tecnologias de tecelagem e estamparia sem precedentes na História da Humanidade.
Aos poucos as comunidades européias desenvolvem as atividades locais de cultivo, fiação e tecelagem do algodão e seu uso é disseminado de forma irreversível.
Máquina de Fiar hidráulica Spinning Jennym criada em 1764 por James Hargreaves (Fonte: wikimedia commons)
Em 1792, Eli Whitney inventou o descaroçador de algodão nos EUA. Essa máquina separava mecanicamente as sementes das fibras do algodão, o que foi uma grande revolução na indústria de beneficiamento de algodão. Assim Whitney contribuiu para transformar os Estados Unidos no maior produtor mundial de algodão na época.
Atualmente os EUA mantém esta liderança, seguido pela Índia e Brasil.
Algodão no Brasil
O algodão no Brasil já era conhecido pelos índios antes do descobrimento. Eles dominavam o plantio, colheita e também eram capazes de produzir os fios e tecidos de algodão. Eles convertiam o algodão em fios para a utilização na confecção de redes e cobertores, aproveitavam a planta na alimentação e usavam suas folhas na cura de feridas. Claro que com a chegada dos portugueses a produção do algodão passou a ser explorada de novas formas pelos colonizadores.
O comércio do algodão teve seu início no Nordeste do Brasil. O Maranhão foi o primeiro a se destacar na produção e começou em 1760 as primeiras exportações para a Europa.
(Crédito:Leila Melhado/iStock)
Inicialmente o cultivo principal era o do algodão arbóreo perene, que possui fibras mais longas. O plantio do algodão herbáceo, de fibra mais curta, que inclusive é mais produtivo, teve seu início em São Paulo, que se firmou como grande centro produtor por um período. Os altos custos das terras e a concorrência de outras culturas, como a cana-de-açúcar e a soja, entretanto, forçaram a cultura do algodão a buscar novas áreas de plantio como Mato Grosso e Goiás.
O Brasil chegou a ser líder em exportação nos séculos XVIII e XIX, de uma das principais matérias-primas da Revolução Industrial. Todo o trabalho era feito usando a mão-de-obra escrava e cultivando nos latifúndios. A exploração do algodão era muito forte no norte do país e em alguns outros estados como Ceará, Bahia, Pará, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro.
Apesar de ser destinado, em grande parte, ao mercado externo, o algodão era usado também na produção das roupas dos escravos.
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