Curiosidades sobre o Jeans

Sobre o jeans podemos afirmar que é um tecido democrático, por ser usado por homens, mulheres e crianças de todas as classes sociais. Mas você já se perguntou como é feito o jeans? Qual é a história deste tecido que faz parte da sua vida no dia a dia? E como ele se tornou esse fenômeno na moda?

Curiosidades sobre o Jeans
Foto de capa - Pexels

A décadas o jeans é um dos tecidos mais famosos no mundo! Usado por todas as classes sociais, é o mais democrático dos tecidos. Mas você já se perguntou como é feito o jeans? Qual é a história deste tecido que faz parte da sua vida no dia a dia? E como ele se tornou esse fenômeno na moda?

Vamos começar falando de como o jeans é produzido atualmente. Sabendo que hoje em dia existe mais de uma composição de fios para tecer o jeans, vamos falar primeiro da mais traddicional delas, o jeans 100% algodão.

Por processamento automatizado, o algodão é desembaraçado e penteado. Então a fibra é transformado em uma teia e finalmente em um fio resistente, usado para tecer o jeans.

A etapa seguinte é o tingimento.

A princípio, no tingimento a cor aparente no algodão é amarela. Acontece que índigo, a cor original do denim, não é solúvel em água. Por isso precisa primeiro ser mergulhado em uma solução de hidrogenossulfureto de sódio e este banho químico deixa a fibra de algodão amarela. Depois de retirada deste banho, as fibras se tornam azuis com a cor que conhecemos. A próxima etapa do processo é tratar as fibras de algodão com amido de milho para que elas se tornem ainda mais resistentes.

iStock-492428600 Diferentes tons de azul no denim (Crédito:georgeclerk/iStock)

As diferenças de tons do jeans são obtidas com a mistura de fibras brancas e azuis no processo de tecelagem e não no tingimento das fibras. Mas hoje em dia os processos de tinturaria e lavagen das peças já confeccionadas garantem efeitos de cores e texturas de uma originalidade e variedade incalculáveis.

História e Curiosidades

Essa história começa no século XVI em Nimes, na França. O nome Denim, é uma abreviação do nome original Tecido de Nimes. Nessa época o jeans não era tingido de azul, era mais refinado, tecido com fibras da seda e da lã animal.

No século XVIII, esse tecido, por ser muito resistente, começou a ser usado para confeccionar os uniformes dos marinheiros de Gênova. Esse fato inclusive é a origem do nome mais comum desse tecido, porque as calças dos marinheiros eram chamadas de "genoese" e "genes". Aquele tecido ainda não era o nosso Jeans atual, mas o seu uso serviu de inspiração para o nome.

Em meados de 1850, na Califórnia, um material semelhante, porém mais grosseiro, começou a ser usado para coberturas de carroças. O mercado estava aquecido em decorrência da Corrida do Ouro, o que fez com que muitas pessoas se interessassem em vender lonas e tecidos para este fim.

Um comerciante alemão, recém chegado aos EUA, que também estava confiante neste mercado, adquiriu um grande lote desse tecido para revenda. Porém houve uma saturação do mercado e o empreendimento não foi bem sucedido. Seu nome era Levi Strauss.

Com muito material estocado e nenhuma ideia do que fazer com ele, Strauss percebeu que os garimpeiros tinham muitas queixas em relação à resistência das calças que usavam para trabalhar. Como o tecido estocado era muito resistente, ele produziu calças e doou três peças a alguns garimpeiros. A resistência das calças foi um sucesso entre os trabalhadores.

Com o uso começaram a surgir reclamações sobre a falta de flexibilidade das calças e macacões que incomodava bastante. Strauss foi então buscar alternativas de tecidos e encontrou na Europa o Denim, um tecido resistente, mas também flexível e confortável.

Toda a produção das calças era pensada para que elas fossem resistentes. Inclusive os rebites de reforço usados na confecção que foram patenteados em 1873 por Levi Strauss e Jacob David. Esses rebites eram tachinhas de cobre usadas para reforçar a costura dos bolsos.

A técnica de confecção das calças foi evoluindo até chegar em um modelo que foi considerado o ideal. O primeiro lote destas calças recebeu o código 501. Até hoje este modelo tem este código como referência e a Levis 501 ainda é o modelo mais famoso desta marca mundial e centenária.

iStock-545453252 Levi Strauss(Crédito:JohnGollop/iStock)

A cor azul anil, ou índigo, só passa a ser a cor do jeans a partir de 1880, em uma estratégia para popularizar a peça. Porém, esse sucesso não veio tão rapidamente. Só em meados da década de 1930, os cowboys americanos retratados nos filmes usando calças jeans índigo tornaram estas calças um símbolo de virilidade. O que também reforçou esta imagem de virilidade do jeans foi ele ser o tecido usado nas fardas do exército americano.

Coincidencia ou não, após o fim da Segunda Guerra Mundial as calças jeans se popularizaram. Muitas décadas depois, o jeans vira o queridinho dos estilistas na contra mão dos sucessos de moda normalmente valorizados por sua originalidade. Afinal, desta vez a moda adota uma peça popular a muito tempo e com suas releituras cria objetos de desejo apreciados por pessoas do mundo inteiro.

Mas esse caminho não foi tão fácil, a peça ainda era vista como vestuário utilitário e sem distinção social, até o astro James Dean, na década de 50, começar a usar calças jeans. O ator, que era um símbolo de liberdade e rebeldia para os jovens americanos, transformou a calça jeans, antes um uniforme de trabalho, em um ícone de uma geração.

pxfuel.com--7-James Dean era simbolo de rebeldia nos anos 50(Crédito: Domínio público/pxfuel)

Em 1960, a sua fama já era tamanha, que o modelo 501 da Levi's foi usado por estrelas de cinema como Marilyn Monroe. Audrey Hepburn também fez sucesso em uma das cenas mais icônicas do filme A Bonequinha de Luxo, ao tocar um instrumento musical sentada na janela, usando uma calça jeans. E não podemos nos esquecer do Rei do Rock, Elvis Presley no musical Follow That Dream, de 1962.

Nos anos 70 o jeans se torna ainda mais versátil, compondo os mais variados looks e estilos. Nessa época, os modelos boca de sino, adotados pelos hippies também se tornaram um ícone desse movimento.

Nos anos 80 foi a vez dos modelos retos e rasgados das tribos punk. E claro, o jeans também fez sua marca no cinema sendo parte do figurino do famoso filme As Panteras. Nessa mesma época, aqui no Brasil, essa moda é representada em novelas como Selva de Pedra, Pecado Capital e Dancin’ Days.

Foi também nessa década que a Calvin Klein revolucionou as passarelas com o primeiro desfile de marca com calças jeans. Depois deste marco na história da moda, definitivamente o jeans muda de reputação, deixando para sempre de ser visto como uma peça de vestuário simples e útil, para ser visto como um ítem indispensável para a vanguarda da moda. A marca da Calvin Klein ficou fortemente identificada com o jeans desde então, sempre provocando reações adversas, como a famosa campanha publicitária "Não há nada entre mim e Calvin Klein."

iStock-1226086290 As calças jeans nos anos 80 (Crédito:atlantic-kid/iStock)

Nos anos 80 mais marcas famosas se renderam às calças jeans. Entre elas, a Versace que fez anúncios com as calças como destaque da coleção, estrelados por modelos como Nadja Auerman e Claudia Schiffer.

Acredito que nessa época as ruas também começaram a influenciar e inspirar a moda. Um dos marcos deste fenômeno são os estilistas japoneses que se inspiraram nos estilos urbanos e até em roupas de moradores de rua para desenharem suas coleções. Peças oversized, sobreposições e peças desgastadas fizeram um sucesso inédito nas passarelas em Paris. O estilo agradou estrelas de sucesso, como por exemplo Madonna. Este novo estilo também estrelou nos mais importantes editoriais da mídia da moda, inclusive fazendo parte do look de uma das capas da Vogue em 1988.

Nos anos 90 eles foram imortalizados pela dupla Thelma & Louise que usaram em seu figurino, o que hoje chamamos de moms jeans.

A evolução da tecnologia da tecelagem e a popularidade do jeans fez com que o tecido ganhasse o coração dos estilistas e, consequentemente, cada vez mais espaço nas passarelas e nas ruas.

iStock-1291585710 Jeans nos anos 90(Crédito:Sviatlana Lazarenka/iStock)

Foi também na década de 90 que apareceram os primeiros modelos de jeans lavados com tecnologias diferenciadas e resultados de cores e texturas muito originais. Foi também quando novos fios, como o poliester e o elastano, foram tecidos em composiçaõ com o algodão, que o jeans ganhou o conforto para vestir que conhecemos hoje.

Nos anos 2000 o jeans entrou para o hall dos itens classificados como artigos de luxo, quando Jean Paul Gaulier o incluiu em sua coleção Couture. Alguns anos depois a grife Chanel colocou calças jeans nas passarelas de Alta Costura.

Pouco mais de uma década depois, a Maison Martin Margiela também deu destaque para o jeans em seu desfile de Alta Costura em Paris em 2014.

A moda é um eterno vai e vem, então atualmente as tendências para a criação de calças jeans são muitas vezes inspiradas nos modelos antigos. Pouco a pouco as pessoas começam a vestir mais o que as agrada, do que um estilo imposto pela moda. As modelagens foram se desevolvendo de acordo com os diferentes tipos de corpo, harmonizando as preferências dos consumidores com as tendências da moda.

iStock-1014074006 Diferentes modelos jeans(Crédito:LaylaBird/iStock)

Com a criação da moda sem gênero, tanto homens quanto mulheres têm à sua disposição os mais variados modelos. São modelos de cintura alta, baixa, boca larga, skiny, com lavagens diversas, adornos e apliques. O jeans também é usado para produzir acessórios, blusas, saias, jaquetas... Hoje, as composições de looks Street Style com jeans são os queridinhos da maioria das pessoas.

iStock-1278589839 Os jeans são ótimos para compor looks confortáveis e estilosos(Crédito:PeopleImages/iStock)

Pelo que me lembro da minha adolescência nos anos 2000, o jeans fazia parte do meu uniforme escolar, dos meus looks diários, noturnos e dos looks quase todas as outras pessoas que eu conhecia. Isso não mudou até hoje, então podemos perceber que o jeans permanece sendo um dos tecidos mais usados no mundo.
Lívia Monteiro

A parte triste dessa história é que, ao mesmo tempo em que o jeans é tão "democrático", usado nos mais variados estilos, por pessoas de todo tipo, seu processo de produção é um dos mais poluentes do meio ambiente. A maior parte das fábricas ainda utilizam agentes e processos químicos abrasivos, prejudiciais à natureza. Sem falar do altíssimo desperdício de água dos processos de tinturaria e lavagem. Esse tema é abordado com muita riqueza no documentário River Blue. Eu recomendo assistir para entender como isso acontece e também para conhecer algumas possibilidades de solução deste grave problema.

Muitas empresas estão trabalhando para mudar esse quadro e buscando formas sustentáveis de fabricação desse tecido. Na confecção estão usando laser e outras técnicas para produzirem os efeitos estéticos nos modelos, sem usar os volumes de água, químicos e corantes dos processos de tinturaria e lavanderia tradicionais. Outra iniciativa muito positiva é que o jeans já é um dos materiais mais usados em peças upcycling.

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