Empresas e marcas que usam a biomimética na moda

Marcas e empresas de moda que investe em biomimética.

Empresas e marcas que usam a biomimética na moda
Criador: Jian Fan | Crédito: Getty Images/iStockphoto

No nosso primeiro post sobre Biomimética aqui no blogModacad falamos sobre o conceito desta área da ciência e de como ela é usada na moda.

No post de hoje vamos falar sobre as iniciativas e empresas que já trabalham no desenvolvimento de materiais e na criação de produtos de moda inspirados nos mecanismos da natureza.
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Bolt Threads

A Bolt Threads é um grupo de engenheiros, cientistas, profissionais de marketing e especialistas em produtos de consumo que acreditam que as soluções para os problemas mais complicados podem ser encontradas na natureza.

Em 2018 a Bolt Threads criou o "couro Mylos" feito de micélio. O micélio é a estrutura subterrânea ramificada dos cogumelos. Ela cresce como pequenos fios que formam vastas redes sob o solo da floresta.
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iStock-464469288 A imitação de couro Mylos é muito semelhante ao couro animal (Crédito:EdnaM/ fonte: iStock)

O MyloTM é feito a partir das células de micélio e é estruturado para criar um material flexível e durável, que por seu toque e textura, pode substituir o couro natural e o sintético.

O material é durável, resistente e biodegradável, em perfeita sintonia com a sustentabilidade, desde o processo produtivo, até o descarte como resíduo depois da vida útil dos produtos.
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Outra criação da Bolt Threads que já está no mercado é a Microsilk. Esse fio é feito de levedura geneticamente modificada, açúcar, água e sal.

Mas este fio de seda também é conhecido como "seda de aranha", porque replica a estrutura dos fios das teias de aranhas, que produzem fibras de seda com propriedades notáveis como alta resistência à tração, boa elasticidade, grande durabilidade e textura macia.

Além das vantagens de suas características funcionais, o MicrosilkTM tem um processo produtivo com menos impacto ambiental do que a manufatura têxtil tradicional e é biodegradável ao final de sua vida útil.
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Stella McCartney e Adidas

Stella McCartney é uma marca seriamente comprometida com a sustentabilidade desde que foi criada. Sua fundadora e estilista Stella McCartney é uma conhecida ativista de várias causas ambientais e de defesa dos animais.

Atenta à pesquisa e criação de novos materiais sustentáveis e alinhados com a mentalidade da economia circular, a marca divulgou protótipos de bolsas criadas para produção com MyloTM, ainda em 2018, quando a Bolt Threads estava lançando o então novo material no mercado. Em 2019 as bolsas já estavam sendo comercializadas em suas lojas e e-commerce pelo mundo.

Bem antes disso, esta grife inglesa já se lançou em iniciativas inovadoras, cujo futuro chegou no uso da biomimética nas pesquisas.

Em setembro de 2004, Stella McCartney lançou a Adidas by Stella McCartney, sua grife esportiva feminina em parceria com a Adidas.

Além de criar uma linha de produtos de sucesso comercial consagrado, esta parceria retrata a compatibilidade de mentalidade entre estas duas empresas.
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30f146b75a766725cd3224c5caa5f4191722425-1 Modelo Adidas Amsilk (Fonte: Divulgação Adidas)

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Em sua trajetória de investimentos em pesquisa e inovação, por volta de 2016, a Adidas criou um tênis biodegradável feito com um tecido biomimético, inspirado na seda do fio da teia de aranha. O "Adidas Futurecraft Biofabric" foi desenvolvido em parceria com a empresa alemã de biotecnologia AMSilk. Este tênis usa também plástico reciclado de resíduos coletados nos oceanos.

Resumindo, as coleções da "Adidas by Stella McCartney" têm em seu DNA o lançamento de matérias primas sustentáveis e com características funcionais inovadoras. O estilo Stella McCartney é perfeito para esta identidade ativista e antenada aliada à reputação de competência e desempenho dos tênis e artigos esportivos da Adidas.

Todo este consagrado trabalho de criação de produtos dessa parceria, que já conta com a biomimética como ferramenta, parece ser só o começo do uso desta área da ciência na cadeia produtiva da moda.

Orange Fiber e Salvatore Ferragamo

A casa de moda italiana Salvatore Ferragamo, que tem em seu histórico um compromisso com a inovação e a sustentabilidade, tanto na escolha dos materiais, quanto no design, lançou uma coleção de roupas feitas com tecidos de fibra de laranja.

A coleção foi uma parceria com a Orange Fiber, startup têxtil que fabrica tecidos sustentáveis usando a laranja. O tecido feito com as fibras da laranja é muito semelhante à seda.
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blogModacad-Salvatore_Ferragamo_Baku A parceria da grife Salvatore Ferragamo e a empresa Orange Fiber buscam disseminar o uso de materiais mais sustentáveis na moda (Autor Farizabasov)

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A empresa Orange Fiber pertence às empreendedoras italianas Adriana Santanocito e Enrica Arena, que produzem a seda vegana a partir do bagaço da laranja.

A tecnologia extrai a celulose do bagaço da laranja para produzir o fio da "seda". Segundo as empresárias, o fio é bem leve, suave e dependendo de como for usado na tecelagem, pode produzir um tecido opaco ou iridescente.

A empresa já recebeu alguns prêmios em 2016 como o "Mudança Global" da Fundação H&M e também um prêmio do programa de aceleração "Fashion for Good - Plug and Play Accelerator".
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Spiber e Yuima Nakazato

A biomimética foi a aposta do estilista japonês Yuima Nakazato para sua coleção apresentada no desfile de alta costura primavera/verão 2020 na Paris Fashion Week.

Os tecidos dos vestidos foram feitos com a fibra Brewed Protein. A matéria prima desta fibra é uma biomassa vegetal, que passa por um processo de fermentação microbiana para criar as fibras.

Com vestidos modernos e coloridos, confeccionados com estes tecidos renováveis e biodegradáveis, o estilista desfilou uma coleção que exalava sustentabilidade.

Variações neste processo de fermentação microbiana da proteína podem produzir fibras de diferentes características.

Desde filamentos delicados que produzem fios com brilho e toque sedoso, a filamentos que produzem fios com características de cashmere ou até fios com as propriedades térmicas e de absorção de umidade da lã.

Esta tecnologia evita alguns problemas de poluição ambiental das indústrias de tecidos tradicionais e reduz as emissões de gases de efeito estufa, se comparada ao processo de extração e beneficiamento de fibras animais.
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Spiber Qmonos

Além de criar a fibra Brewed Protein, a empresa japonesa "Spiber" criou também a seda artificial chamada Qmonos.

Além de se inspirar na estrutura do fio da teia de aranha, a Spiber usa genes do DNA das aranhas para modificar geneticamente bactérias, que passam a produzir a fibroína, que é a proteína estrutural da fibra da seda de aranha.

Após a evolução das pesquisas, a Spiber desenvolveu uma tecnologia capaz de cultivar essas bactérias modificadas evoluídas para fiar a fibroína e tecer a seda.

Esta seda é mais resistente que a Kevlar, a para-aramida da DuPont, muito conhecida pela sua resistência e leveza, e é mais flexível que o Nylon, fibra sintética da família das flexíveis poliamidas.
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Algalife

As algas são a matéria prima dos tecidos e corantes produzidos pela empresa alemã-israelense Algalife.

O "cultivo" dos tecidos feitos a partir de algas usa apenas água e sol. É um sistema produtivo com baixos níveis de consumo de energia, de poluição ambiental e de produção de resíduos.

É um produto que usa recursos renováveis e biodegradáveis, que não precisa de produtos químicos prejudiciais ao meio ambiente para a sua produção. E os corantes produzidos pela empresa são 100% naturais, livres de produtos químicos e alergênicos.
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scarf-255515_1280 A Algalife desenvolveu uma alternativa sustentável para o tingimento de tecidos (Imagem de Anja🤗#helpinghands #solidarity#stays healthy🙏 por Pixabay)

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Uma curiosidade interessante sobre estes tecidos feitos de algas é que eles têm a capacidade de nutrir a pele de quem usa as roupas feitas com eles.

Os tecidos liberam antioxidantes, vitaminas e outros nutrientes durante o uso, pelo contato com a pele. Roupas feitas com estes tecidos levam saúde para a pele das pessoas.

Assim, desde o processo produtivo até o uso das roupas, os tecidos e corantes Algalife fazem parte de um sistema que faz bem tanto para a saúde dos consumidores quanto para o meio ambiente.
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Nikwax

A Nikwax é uma empresa de tecnologia têxtil que criou tecidos que simulam o sistema biológico de alguns animais para melhorar o desempenho das pessoas em atividades esportivas e para melhorar a proteção e o conforto do corpo nas condições ambientes.

Um desses tecidos é o Waterproof. A criação de suas propriedades foi baseada na proteção natural contra a umidade de aves aquáticas e na proteção térmica e contra a umidade de animais que vivem em climas frios e úmidos como as focas.
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2018-06-13-16-28-00 Os tecidos da Nikwax tiveram inspiração no mecanismo de proteção contra umidade das aves aquáticas (Autor:christels/FOnte: pixnio)

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As pesquisas estudaram o mecanismo da pele desses animais que repele a água enquanto afasta o vapor de água do corpo.

Outro tecido da Nikwax que faz uso da biomimética é o tecido Analogy. Ele desvia o vento e a chuva, enquanto repele o suor para que não fique impregnado na roupa, nem no corpo.

A ideia é proteger o corpo e proporcionar uma experiência agradável durante a prática esportiva, evitando o desconforto das roupas encharcadas de suor.

Para esse tecido os criadores se inspiraram no funcionamento da pele humana e a forma como nosso corpo gerencia a umidade.
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Pâramo

A Pâramo é uma marca de roupas esportivas ou de roupas profissionais para ambientes externos, em condições agressivas, que exijam alto desempenho de proteção e durabilidade das roupas.

A empresa foi fundada pelo inventor e empreendedor Nick Brown.

Uma de suas invenções é um tecido tecnológico baseado no mecanismo de transpiração das árvores. A estrutura das folhas possui pequenos pontos semelhantes a poros chamados estômatos, que se abrem e se fecham, liberarando o vapor de água no ar.

A criação de Nick Brown repete esse mecanismo das folhas e o tecido retém o ar próximo a pele e afasta a umidade do corpo, impedindo também a entrada de umidade externa, proporcionando o máximo conforto ao usuário.
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Colorifix

A startup britânica de biotecnologia Colorifix desenvolveu um método de tingimento que usa bactérias para reproduzir as cores brilhantes de pássaros e borboletas em tecidos.
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iStock-537285670 A Colorifix reproduz cores brilhantes como as cores de borboletas fazendo tingimento biotecnológico usando bactérias (Crédito:Dantesattic/Fonte: iStock)

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Esse processo reduz o uso de água em até 90% da água usada em tingimentos tradicionais, sendo este um fator de sustentabilidade muito importante. E além disso, o processo produtivo é biotecnológico, de fonte renovável e biodegradável.

Para produzir o pigmento do tingimento, é feita a extração de um gene da cor na natureza. Em seguida esse gene é inserido em uma célula bacteriana, que replica o processo de coloração e multiplica o processo automaticamente!

Durante o processo de tingimento, essas células se espalham pelo tecido liberando o pigmento e depois é aplicada uma solução levemente aquecida para que as bactérias não permaneçam vivas no tecido.

E outra qualidade sustentável de enorme importância do processo de tingimento Colorifix é que ele dispensa o uso de metais pesados, solventes ou ácidos, para garantir um excelente resultado na eficácia das cores.
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Threadsmiths

A empresa australiana Threadsmiths está produzindo camisetas impermeáveis usando o "efeito lótus".

As hastes das flores de lótus ficam submersas durante toda a sua vida e poderiam se dissolver na água se não tivessem desenvolvido um mecanismo que mantém a absorção de líquido sob rigoroso controle. O caule repele a água, que precisa levar os nutrientes através de outras partes da planta.
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iStock_000003913528Medium_0--1- O mecanismo repelente das folhas de lótus inspiraram a Threadsmiths na produção de camisetas impermeáveis (Criador: stedenmi | Crédito: Getty Images/iStockphoto / Direitos autorais: Michael Steden)

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Baseada neste mecanismo ultra eficiente, a Threadsmiths impermeabiliza as camisetas que repelem líquidos e evitam sujidades diversas, entre eles as manchas de café, refrigerante e até mesmo as manchas do vilão das roupas claras, o molho de tomate.

Esta impermeabilização é feita com o uso de nanotecnologia para alterar a estrutura molecular do algodão, de forma que os líquidos à base de água não consigam aderir à superfície do tecido. Parece uma ótima opção para produzir roupas infantis não é mesmo?

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Confira também nosso primeiro post sobre este tema, "O que é biomimética e como ela é usada na moda".

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