Macrotendências primavera verão 2023/2024 Casa Firjan
Neste texto vamos conhecer as macrotendências de comportamento identificadas por uma equipe multidisciplinar brasileira, da Casa Firjan - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro.
A Casa Firjan em sua antiga tradição de fomento à indústria, hoje é também um ambiente de inovação, educação e pesquisa de tendências, para garantir o desenvolvimento sustentável de todos os setores da indústria do estado.
Portanto, este trabalho de pesquisa de macrotendências é bastante completo e consistente.
Em sua metodologia, o mapeamento da Casa Firjan identifica 3 macrotendências:
Maquinarium
Vinculare
Protopia
Sendo cada uma delas com 6 micro tendências.
Mas o que achei muito legal na dinâmica de análise de todo este universo, são duas coisas.
Primeiro as 3 “rupturas” falando da mudança de atitude contida em cada uma das 3 macrotendências.
Por último, a identificação de algumas oportunidades objetivas contidas em cada um dos 3 grupos de 6 micro tendências.
Este texto, somado ao texto anterior “Macrotendências primavera verão 2023/2024 WGSN”, pretende que o leitor estabeleça um paralelo do cenário local inserido no global, para identificar quais macrotendências de comportamento são as mais impactantes para o seu negócio.
Sem mais demora... Mãos à obra!
Maquinarium
Fala do impacto em nossas vidas do crescimento exponencial da tecnologia, com foco especial na capacidade imaginativa da AI - Inteligência Artificial.
O que antes era uma suposição, em que muitos sequer acreditavam, hoje é uma realidade. A inteligência artificial já realiza alguns trabalhos criativos, que antes eram de exclusiva competência humana.
Como os avanços tecnológicos realizam otimização de trabalho criando processos cada vez mais autônomos, o que esperar das otimizações feitas com ferramentas da AI?
Esta macrotendência traz 3 rupturas que dão forma a 6 micro tendências:
1. A nova vida com a crescente capacidade imaginativa das AIs e o acesso ao seu uso cada vez mais popularizado. Aqui mesmo no blogModacad já criamos imagens para os textos usando inteligência artificial.
2. A reavaliação de onde aplicar investimentos. Metaverso? NFTs? Diante de tantas possibilidades, qual delas pode ser realmente eficiente pra mudar o seu negócio?
3. A inadiável preocupação em estabelecer os limites das máquinas. Como criar uma regulamentação para a atuação conjunta da tecnologia com o trabalho humano?
As 6 micro tendências de Maquinarium são:
1. Espaços pensantes – fala das fábricas, cidades, negócios, casas, escolas, enfim de todos os espaços com tecnologias como a 5G. Falando também de espaços não físicos criados por tecnologias como os gêmeos digitais, cujo tráfego de dados realiza mais do que a interação dinâmica entre usuário e produto, ajudando também a entender o presente para prever o futuro.
2. Mobilidade digitalizada – fala das malhas rodoviárias, ferroviárias e espaços urbanos com estas tecnologias trazendo mais segurança, velocidade e menos impacto ambiental e menos impacto de outros riscos para o transporte e trânsitos.
3. Máquinas criativas – fala destas máquinas já inseridas em nosso cotidiano, porém agora realizando também trabalhos criativos. Casos como o de uma máquina ganhando um concurso de criatividade nos remetem a questionar como o acesso democratizado a estas tecnologias muda a demanda por habilidades técnicas, por exemplo.
4. Automatização responsável – fala de como precisamos usar toda esta “imersão tecnológica” a serviço das pautas sócio ambientais e nunca contra elas.
5. Rastreamento dos produtos – fala de tecnologias para realizar a transparência e a sustentabilidade, no processo produtivo e na vida útil do produto.
6. A popularização das criptomoedas – fala da economia digitalizada no contexto bélico e do alerta para os riscos e possibilidades destas tecnologias.
Oportunidades
AI como ferramenta para estratégias de longo prazo. Diante da democratização destas tecnologias, como podemos usa-la a favor do nosso negócio.
As tecnologias autônomas para minimizar os resíduos dos processos de fabricação.
O rastreamento do ciclo de vida do produto para reutilizar materiais.
Conclusão
Estas tecnologias são ferramentas bem qualificadas para a solução de problemas urgentes para o planeta e para a humanidade.
Vinculare
Fala da necessidade de um mundo em rede, da criação de vínculos e da importância da colaboração diante de tantos desafios.
Colaborações como parcerias público privada, entre países e entre temas. As pautas e os impactos devem ser pensados em rede. Em outras palavras, quando pensamos em sociedade, estamos pensando em meio ambiente, pensando em economia, porque tudo é interligado.
Se tudo é interligado, a regulamentação de uma área impacta na outra e vice-versa, bem como os impactos sociais e ambientais, que por sua vez são pensados para o coletivo e seus propósitos.
As 3 rupturas desta macrotendência são:
1. Economia do clima – agora que as consequências da crise climática já são visíveis, também é visível a urgência de pôr em prática uma economia voltada para a minimização e também para a solução destes problemas.
2. Movimento anti greenwashing
Greenwashing é a prática de fazer uma alegação infundada ou enganosa sobre os benefícios ambientais de um produto, serviço, tecnologia ou prática da empresa.
Campanhas de combate ao mau uso dos selos verdes promovem a conscientização do que é sustentabilidade real e também denunciam os danos do mau uso intencional da comunicação para manipulação.
Este combate está resultando na melhoria e na criação de novas regulamentações das qualificações de práticas das empresas para conquistar sustentabilidade real em seus processos produtivos e também na regulamentação para eventos de promoção e divulgação destas práticas.
3. Desafios multidimensionais – a constatação da complexidade dos desafios atuais do planeta que deixa bem claro a interdependência das múltiplas frentes de ação simultâneas.
As 6 micro tendências da Vinculare são:
1. Urgências globais – fala da urgência das empresas adotarem práticas a serviço de causas sociais inadiáveis, como a fome e a insegurança alimentar, a falta de moradia, a exclusão social e tantas outras pautas, hoje reconhecidas como pautas fundamentais também para o planeta.
2. Padrão SG – fala da demanda de regulamentações e métricas padronizadas para as novas práticas de sustentabilidade adotas pelas empresas. Esta padronização torna possível avaliações precisas e também orienta a percepção do consumidor para suas decisões de consumo.
3. Métrica humana – fala da consciência de que o impacto social de toda a cadeia produtiva, de distribuição e de consumo dos produtos é tão importante quanto o impacto ambiental. Fala da importância da transparência sobre as condições de trabalho de toda a mão de obra direta ou indiretamente envolvida na cadeia de produção, distribuição e consumo.
4. Políticas ambientais – fala da regulamentação e da criação de impostos internacionais para orientar as relações comerciais entre empresas de diferentes países, instituindo as novas práticas de sustentabilidade social e ambiental.
5. A circularidade otimizada – fala de como as empresas podem engajar seus consumidores em novas práticas de sustentabilidade. Como por exemplo, incentivar práticas de reuso, de aluguel e de coleta dos produtos pós vida útil para reciclagem de material para novos processos produtivos. Mas novas práticas, como por exemplo o reparo obrigatório dos produtos, também já têm sua viabilidade em análise.
Sobretudo, o que podemos destacar aqui é o engajamento das empresas em tomar a frente na promoção da mentalidade de consumo consciente para a preservação da espécie e do planeta.
6. A vigilância climática – fala do uso das novas tecnologias para o monitoramento das metas de sustentabilidade e dos impactos reais alcançados na diminuição dos riscos climáticos.
Oportunidades
A ampliação da transparência das empresas é também um novo mercado para investimentos em criação de tecnologias de monitoramento e de novas práticas de sustentabilidade, uma vez que o controle dos impactos social e ambiental é agora uma premissa para a decisão de investimento em empresas de todas as atividades.
O terreno fértil para a criação e implementação de práticas que realizem parcerias para impulsionar a agenda climática global. Que realizem a união de diferentes setores em rede para a solução dos problemas climáticos.
O mercado para novos modelos de negócio que pratiquem a circularidade no processo produtivo e na disseminação do consumo consciente.
E também novos modelos de negócios de serviços que precisam ser oferecidos para a solução das urgências climáticas.
Protopia
Fala de uma nova visão de futuro que “não é uma utopia, nem uma distopia”, mas sim a constatação de que o futuro é um resultado do que construímos no presente.
Para mim, esta definição denuncia uma atitude de sujeito da ação no presente que causa determinado futuro, em contrapartida à pesquisa, observação e análise de fatores que poderiam definir o futuro.
Se o mundo não é mais como o conhecíamos antes, somos agora uma sociedade criando novas formas de se relacionar com este novo mundo, com demandas por profundas mudanças.
Em outras palavras, o tempo é de inventar e “protopiar” novas soluções em tempo real, adaptando e criando a partir da realidade do momento presente.
A cerca de dois anos, isto é, a muito pouco tempo atrás, estávamos imaginando este novo mundo. Agora nos encontramos completamente inseridos nele. Uma coisa é certa, o momento é de partir para a ação sem demora.
As 3 grandes rupturas desta macrotendência são:
1. O bem-estar em foco – a letalidade da pandemia e a experiência do isolamento denunciaram questões como a importância da saúde, da qualidade de vida, da importância da vida pessoal e com a família. Enfim, o bem-estar em foco é uma ruptura porque esta mudança de atitude das pessoas parece que veio para ficar.
Como as pessoas estão demandando, as empresas estão oferecendo isso e se preparando para a viabilização da permanência destas novas relações com seus colaboradores e também com o seu público consumidor.
2. Novos recursos – o esgotamento dos recursos naturais por causa dos problemas climáticos e a crise mundial na cadeia de suprimentos trazem a questão dos novos recursos para a ordem do dia. Agora é inadiável a necessidade da criação de novos materiais e matérias primas, além da mudança da matriz energética com foco na resiliência.
3. Prioridades revistas – orientados pela definição do futuro que queremos construir, é hora de definir as prioridades no presente para torna-lo possível. Quais as mudanças em cada setor são inadiáveis hoje para as metas deste futuro serem possíveis.
6 micro tendências da Protopia:
1. Utopias urbanas – fala da busca de novas formas de habitar as cidades em função do aumento populacional e das questões climáticas. Estas questões das cidades são um tema central no presente, para a construção de um futuro viável.
2. Novos materiais– fala das soluções para a crise da cadeia de suprimentos de todos os setores, que não agravem o esgotamento do meio ambiente e a crise climática.
3. Inovação alimentar – fala das soluções para o suprimento de nutrientes que também não agravem ainda mais o esgotamento do meio ambiente e a crise climática. Estes nutrientes podem ser extraídos de plantas não comestíveis, mas também de carnes de laboratório e outras soluções.
4. Saúde de precisão – fala da nova relevância da área da saúde frente a realidade de pandemias mundiais impactando outros setores no desenvolvimento de produtos, que agora passam a oferecer também funcionalidades para proteger a saúde dos usuários.
Na área de têxteis e confeccionados podemos citar os tecidos inteligentes e os wearables que protegem a saúde e até monitoram dados em tempo real na vida das pessoas.
Enfim, esta microtendência fala de que as empresas de tecnologias estão cada vez mais trabalhando para a saúde em todas os seus setores de atuação.
5. Transição energética – fala da busca de fontes energéticas que também não agravem ainda mais o esgotamento do meio ambiente e a crise climática, mas sobretudo, da busca de fontes energéticas com qualidades estratégicas para a independência das fontes energéticas tradicionais, tão expostas a crises de escala mundial.
6. Gestão do bem estar – fala do fato de que as empresas agora precisam oferecer mais do que os benefícios tradicionais, como o ambiente convidativo nos escritórios, planos de saúde, etc. As demandas agora incluem flexibilidade nas jornadas de trabalho, trabalho remoto e novas relações de trabalho focando a qualidade de vida dos profissionais contratados.
Oportunidades
Diante da nova realidade de o bem estar dos funcionários ser estratégico para os negócios, a perspectiva é de investimento em tecnologias de rastreamento de dados para a criação constante de novos benefícios nesta área.
A necessidade de novos materiais como um vetor da rápida aceitação das novas soluções. A criação de tecnologias sustentáveis como a produção de novos materiais da extração de resíduos de outros processos produtivos por exemplo, são agora investimentos cada vez mais promissores. A criação de novas soluções que garantam também uma independência das cadeias de suprimentos globais tem um futuro ainda mais promissor.
E finalmente, a criação de novos mercados para estes novos materiais, com sua riqueza ainda inexplorada e ainda impossível de mensurar.
Este é o link que a Casa Firjan publicou para você ler o estudo na íntegra.
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