Modelagem... Ciência ou arte?
O dia seguinte de uma experiência única.
Amanhece o dia e o mundo está diferente.
O que era muito conhecido ontem mesmo, hoje parece cheio de novidades.
É assim que me sinto depois do Workshop no Atelier de Jum Nakao
Modelar é ao mesmo tempo uma ciência e uma arte.
É arte quando modelamos formas e volumes desconhecidos, inspirados pela intuição e guiados pela experimentação. Guiados por tentativas, por erros e acertos até alcançar as descobertas.
É ciência quando modelamos formas e volumes desconhecidos inspirados por conhecimentos de desenho, das medidas do corpo e dos movimentos. Guiados pelo conhecimento dos materiais têxteis, das tendências da estação, do estilo da coleção e do público alvo consumidor dos modelos criados.
Para alimentar o movimento contínuo destas duas forças no trabalho de modelagem de roupas, é preciso experimentar arte e pesquisar novos conhecimentos incansavelmente. Mas não é sempre que estas duas coisas se encaixam com tanta harmonia em um só processo de aprendizado.
O conteúdo do Workshop Modulo I de modelagem Jum Nakao propõe aprender a modelar do zero, através uma novidade: A “modelagem da pele”! Quando não sabemos o que é isso, a “modelagem da pele” é uma ideia tão promissora quanto audaciosa, porque o workshop promete ensinar a modelar a pele em poucas horas de trabalho. Mas... Nada em modelagem é tão simples. A pele também não parece ser.
“Modelagem da pele”... Associei este conteúdo a um profundo conhecimento de Antropométrica – a ciência das medidas do corpo.
Fiz a inscrição e as malas. Topei esta jornada com a curiosidade de quem não consegue imaginar como seria a prática que vai ensinar modelar a pele. Ensinar um conteúdo tão abrangente como este, em menos de vinte horas.
Após comprar uma lista de materiais muito específica e totalmente sem explicação, aguardei o começo do workshop com entusiasmo e uma curiosidade crescente.
Logo no início dos trabalhos no atelier, a mágica acontece. A “modelagem da pele” é um processo simples e rápido. Sem mistérios. O resultado é quase óbvio, muito fiel à realidade.
No entanto, o trabalho que fazemos com esta “pele” faz verificações científicas, porque todos os conhecimentos experimentados podem ser comprovados.
Intuição e experimentação produzindo a ciência da arte. Poético. Eficiente!
A fronteira entre o volume tridimensional do corpo e sua superfície planificada em duas dimensões é agora tão familiar quanto a superfície planificada dos modelos nos moldes, nossa área de trabalho do dia a dia.
Vestir o corpo com volumes além da pele é a criação de roupas em si.
Projetar estes volumes partindo de pontos localizados com precisão na pele permite a criação de volumes mais ousados. Permite uma avaliação mais precisa dos resultados. Encurta o caminho entre o processo de pilotagem e a peça piloto aprovada para entrada na produção.
Telma Barcellos
São Paulo, 20 de março de 2018
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