História do Macacão Feminino
O macacão é uma peça que surgiu no século XVIII. Confeccionado em linho ou algodão, era usado apenas por homens como roupa de trabalho. Inicialmente, foi pensado para proteger das pernas até parte do dorso dos trabalhadores, na construção civil e nos trilhos ferroviários.
Na Inglaterra, no início do século XX, durante a 1ª Guerra Mundial as mulheres usaram o macacão pela primeira vez. Não por vontade própria, mas porque precisaram usar uniformes de trabalho para exercer as funções dos trabalhadores convocados para a guerra.
Na década de 20, o macacão, que já era uniforme de trabalho consagrado nas fábricas, passa a ser usado por trabalhadores de muitas outras profissões fora das fábricas.
Prático e durável, o macacão era ideal para todo tipo de trabalho. Foi muito usado por mecânicos, por exemplo.
Nos anos 30 o macacão se tornou uma ótima opção para roupas infantis. Mas ainda assim não tinha ganhado o universo da moda. Era uma peça utilitária por suas qualidades de durabilidade e praticidade.
Uma curiosidade interessante sobre a história do uso do macacão pelas mulheres é a famosa imagem de uma mulher com a frase "We Can Do It!", publicado no início da década de 40.
A imagem que hoje é um dos símbolos do feminismo, tem uma origem um pouco diferente da dos ideais do movimento. O cartaz foi criado como propaganda de guerra nos EUA, com o objetivo de incentivar as mulheres americanas trabalhadoras durante a Segunda Guerra Mundial.
Como o mundo estava novamente em guerra, as fábricas precisaram mais uma vez da força operária feminina. A campanha criada por J. Howard Miller para uma fábrica americana, a Westinghouse Eletric Corporation, tinha também outros cartazes de incentivo e orientação para o trabalho da mão de obra feminina
A modelo da foto é Geraldine Hoff Doyle, que na época tinha apenas 17 anos. Ela trabalhou durante um curto período na fábrica American Broach & Machine Co. e sua imagem foi a inspiração para o cartaz.
No entanto, o real sucesso da imagem "We Can Do It" veio muitos anos mais tarde, entre os anos 70 e 80, com a ascenção do movimento feminista. A imagem foi nomeada "Rosie the Riveter" - nome de uma música popular dos anos 40 e nome de um quadro de Norman Rockwell, de uma operária segurando uma ferramenta.
Esta imagem parecia ideal para representar as pautas levantadas pelo movimento feminista, que buscava igualdade de gênero e o reconhecimento dos direitos das mulheres. Mostrava que as mulheres eram capazes de fazer qualquer coisa que quisessem.
Na década de 60, o macacão começou a fazer parte do guarda roupa casual da população. Personalidades como Elvis Presley e Marilyn Monroe, fizeram com que a peça se popularizasse e começasse a ser parte do dia a dia das pessoas.
Nas décadas de 80 e 90 o uso do macacão, chamado naquela época também de jardineira, já era popular para homens, mulheres e crianças.
As jardineiras, encontradas também em modelos curtos, tipo shorts, ou com saia, eram confeccionadas em tecidos com as cores e estampas da moda. Nos anos 90, especialmente, foi um dos ítens de moda mais desejados pelas adolescentes.
Depois disso, o macacão entrou para a moda e nunca mais saiu. Ao longo deste período, muitos estilistas passaram a incluir o desenho de alguns modelos de macacão em suas coleções, em todas as estações.
Variados modelos de macacões, produzidos em muitos tipos de tecidos, com diferentes texturas e estampas, são peças indispensáveis em uma coleção de moda.
Mas não podemos nos esquecer que o caráter utilitário dos macacões é uma tradição que se mantém e que, por outro lado, teve seu uso muito ampliado.
Ele permanece uma peça fundamental no universo das roupas de trabalho e também é desenhado e produzido para a prática de muitos tipos de esportes por exemplo. A esgrima, o automobilismo, alguns esportes de inverno ou aquáticos são apenas alguns exemplos de esportes que adotam o macacão na sua prática.
Ele é usado por profissionais das áreas de pesquisa, de funções de risco como trabalho em auto forno de siderúrgicas e até mesmo por astronautas no espaço sideral.
Como todas as roupas utilitárias, o macacão é objeto de pesquisa constante de design e de materiais. É produzido com tecidos e não tecidos de tecnologia de ponta e o design de seus modelos é dedicado à funcionalidade dos movimentos e à proteção do usuário.
Um episódio muito interessante da história do macacão na moda foi a criação do macacão de cyborg por Thierry Mugler em 1995. O modelo foi criado para seu desfile de alta-costura da coleção de inverno daquele ano. A coleção foi divulgada pela revista Vogue e comentada como “uma imagem assustadora e provocadora do amanhecer da era da Internet”.
Nos anos 2000, além do modelo jeans que foi sucesso nos anos 90, o macacão curto, nomeado como macaquinho, voltou à moda em novas cores e estampas.
Atualmente o macacão faz parte de diversas coleções em todas as estações. É possível encontrar releituras de diversas épocas, em variados estilos para ser usado em todas as ocasiões.
O macacão também é uma peça bastante presente em coleções de marcas slow fashion, que estão apostando em criação sem definição de gênero. O macacão é um tipo de peça bem versátil para a criação de modelos com modelagens que se encaixam nesse conceito.
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