O que é Metaverso e como criar moda dentro dele

Imagine um mundo virtual para você entrar e viver dentro dele! Mas como isso impacta a Moda? Quais são as incríveis oportunidades do mercado inserido na realidade virtual do Metaverso? Como assim existe um mercado de consumo dentro do Metaverso?

O que é Metaverso e como criar moda dentro dele
Crédito da foto:onurdongel/iStock

Imagine um mundo virtual para você entrar e viver dentro dele! Isso mesmo!

Criando o seu avatar, você vai interagir com a realidade virtual do Metaverso morando em uma casa, se vestindo, se alimentando, trabalhando, ganhando dinheiro, consumindo produtos e muito mais. Até aqui, é bem parecido com ambientes de jogos que já existem com algumas ou com todas estas possibilidades.

A grande diferença do Metaverso é que nesta realidade virtual você vai poder encontrar e interagir lá dentro com outras pessoas como você. Pessoas reais também representadas por seus avatares, fazendo suas escolhas e se relacionando umas com as outras, exatamente como fazem no mundo real.

Mais! No Metaverso as pessoas vão criar eventos culturais como shows e apresentações artísticas de todas as áreas e viver eventos sociais em ambientes como festas, bares, restaurantes, lojas, escolas, academias de ginástica... Enfim, vão criar passo a passo um mundo completo para você interagir com as outras pessoas e viver a sua vida lá com cada uma delas.

Em outras palavras, você consegue imaginar viver duas vidas em uma? Ou mesmo viver a sua única vida em dois mundos?

É disso que se trata o Metaverso. Vivenciar experiências no mundo virtual, com as sensações cada vez mais tão nítidas quanto as sensações do mundo real.

Por definição, o Metaverso é construído pela união das tecnologias de realidade virtual, realidade aumentada e conectividade exponencial via internet

Mas para proporcionar experiências com sensações cada vez mais tão nítidas quanto as sensações do mundo real, o metaverso usa equipamentos como os óculos 3D de realidade virtual, e pode vir a usar também roupas que transmitem sensações de toque, frio e calor, como os modelos da CuteCircuit, que já citamos no texto sobre Wearables do blogModacad, e até luvas e calçados de interatividade que já são usados para jogos virtuais, porém com muito mais funcionalidades e com a tecnologia aprimorada para esse tipo de experiência.

É possível viver suas experiências no Metaverso sem o envolvimento destas sensações tão realistas, usando apenas o seu computador. Mas a tendência é a sofisticação destes equipamentos para proporcionar sensações cada vez mais realistas.

Nós ficamos aqui imaginando câmaras capazes de projetar ambientes 3D em “não telas” e descobrimos que já se fala até em equipamentos para reproduzir aromas e sabores.

Mas como tudo isso impacta a Moda?

Quais são as incríveis oportunidades do mercado inserido na realidade virtual do Metaverso?

Como assim existe um mercado de consumo dentro do Metaverso?

Crédito da foto:PonyWang/iStock

RESPOSTAS E NOVAS PERGUNTAS

Podemos responder a quase todas estas perguntas com uma só palavra - desejo.

Acontece que no Metaverso as pessoas podem ter o aspecto que desejarem, usar roupas que na realidade física podem ser impossíveis de usar, morar em casas incríveis, trabalhar, viajar, enfim, viver a experiência dos seus sonhos.

Como sonhos e desejos são a matéria prima da moda e do consumo em geral, as pessoas vão querer sim pagar por tudo isso!

(Crédito:PeopleImages/iStock)

Você acha muito estranho pagar por uma casa, carro, roupas e viagens dos quais você vai apenas desfrutar as sensações no ambiente virtual?

Mas e se este for um caminho para ter estas coisas e frequentar estes lugares se não pudermos faze-lo na vida real?

Mais! Não podemos esquecer que tudo isso vai acontecer em interação com as outras pessoas.

Pessoas conhecidas e desconhecidas vão estar vivendo esta vida com você, com a sensação de presença física e consciência de tudo o que elas estão vivendo e do que você significa para elas.

Em outras palavras, não podemos nos esquecer de que esta realidade virtual do Metaverso está entrelaçada com a vida real.

Imagem do lançamento do programa de realidade virtual do Facebook/Meta(Crédito: Facebook - Meta)

Já imaginou se encontrar para uma reunião de trabalho com os avatares dos seus colegas e resolver tudo sem sair de casa?

Ou fazer compras em uma loja virtual, estando lá, experimentando roupas e acessórios para depois receber suas compras no conforto da sua casa?

Tudo isso já é uma realidade em expansão, não se trata de um plano para o futuro. O Metaverso já está presente no nosso dia a dia e o período da pandemia foi um dos maiores aceleradores deste processo.

Crédito da foto:Mordolff/iStock

COMO CHEGAMOS ATÉ AQUI E COMO FUNCIONA

Algumas pessoas devem se lembrar de jogos como The Sims e o Second Life que simulam a vida real através da experiência de construir uma casa, ter uma carreira profissional, uma família, entre outros objetivos.

O Second Life, lançado em 23 de junho de 2003, já integrava todos os jogadores do mundo em tempo real. No jogo já é possível personalizar seu avatar, além de criar seus próprios objetos virtuais usando a modelagam 3D.

A meta dos jogadores é construir seus meios de sobrevivência, criando produtos, negócios e atividades lucrativas para garantir seu poder aquisitivo no jogo.

O Second Life tem sua moeda própria, o Linden Dollar, que pode ser convertida em moeda real, conforme o câmbio do dia.

Estamos falando de um jogo lançado em 2003, que já era capaz de gerar resultados com poder de impactar a vida do jogador fora do jogo.

(Crédito:solarseven/iStock)

MARCAS DE MODA E OS GAMES

Há poucos anos as Marcas de Moda e também de outros tipos de produtos de consumo começam a criar formas de usar o grande potencial comercial dos jogos/games para divulgar seus produtos e conceitos.

Numa linha de evolução da antiga técnica de gamificação, nascida na década de 1970, que veio a se popularizar a partir de 2010, ao invés de usar as técnicas de engajamento dos games em seus aplicativos de divulgação e vendas, as Marcas de Moda decidem lançar seus produtos dentro dos próprios games.

“De forma bem resumida, a gamificação em um negócio de moda lança no mundo virtual do jogo as roupas e acessórios da coleção à venda no mercado.

A interação dos jogadores com as peças da coleção no ambiente virtual ativa o desejo de compra por vários motivos, mas consideramos dois deles os principais.

O primeiro é poder criar um estilo próprio para seus avatares viverem as emoções das aventuras e desafios dos jogos. O segundo é poder se vestir e se comportar como seus avatares na vida real.”

blogModacad "Os Games na Moda"

E agora, bem pouco tempo depois destas ousadas ações de marketing, as Marcas de Moda e também de outros tipos de produtos de consumo já estão “vendendo” suas criações para uso exclusivo no mundo virtual do Metaverso.

O próximo avanço que já está em andamento é a interoperabilidade. Isto é, a possibilidade de um mesmo avatar transitar entre todos os mundos dos games/metaversos que já estão em operação.

(Divulgação: *Ralph Lauren x Zepeto)

INTEROPERABILIDADE E BARREIRAS DE ENTRADA

Mas esta interoperabilidade tem mais barreiras de entrada na área comercial do que na tecnológica. Afinal, as empresas que operam o Metaverso podem querer exclusividade sobre seus programas e sobre todas as skins – roupas e acessórios, carros, produtos de consumo, imóveis e negócios em operação nas suas plataformas de Metaverso.

A interoperabilidade significaria um menor controle sobre vendas e produtos, por outro lado, ela é estratégica para converter cada vez mais a vida das pessoas para este novo mundo.  Afinal criar uma vida em cada Metaverso significaria viver várias vidas, morando em várias casas, com várias atividades lucrativas e isso não é nada prático.

Criar e viver uma vida em um ambiente que pode ser ampliado pela interoperabilidade a cada novidade é um paralelo à vida real, se compararmos à existência simultânea de todos os países do mundo, lado a lado os que conhecemos e os que não conhecemos durante a nossa vida.

Do ponto de vista das pessoas que já estão integradas a estas plataformas, a demanda pela interoperabilidade já é grande. Afinal a propriedade de bens ser válida aonde o proprietário quiser pode ser enquadrada como um direito do consumidor.

“A questão entrou em debate principalmente pelo alto valor de algumas skins, como por exemplo as roupas digitais do leilão da Dolce & Gabanna.
Se você faz um alto investimento em uma skin vai considerar inaceitável usá-la apenas em uma plataforma já que existem tantas outras disponíveis. ”

Lívia Monteiro

Ainda sem a interoperabilidade, nesse leilão da D&G, as skins só estão disponíveis na plataforma escolhida por quem arrematou o lance e se tornou o proprietário do modelo.

Podemos supor que esta forte demanda do mercado de consumo do Metaverso pela interoperabilidade é uma força importante para as marcas de produtos com alto giro de faturamento derrubarem estas barreiras de entrada, impostas pelos interesses das empresas das plataformas de Metaverso.

(Crédito:Thinkhubstudio/iStock)

INTEROPERABILIDADE E BARREIRAS DE ENTRADA TECNOLÓGICAS

Nem todos os jogos e plataformas possuem a mesma qualidade e capacidade de leitura de arquivos. Atualmente é tecnicamente impossível um jogador usar uma mesma skin em jogos como por exemplo Fortnite e Animal Crossing.

Para além de igualar a competência no processamento de dados das plataformas operando Metaverso, podemos supor que se desenvolverão também linguagens e formatos de arquivos de uso universal, para serem lidos por todos os programas.

Os arquivos NFT, Token Não Fungível, já são uma conquista nesse caminho.

São arquivos gerados a partir do mecanismo blockchain, portanto incorruptíveis, usados para garantir a autenticidade de um trabalho digital, os créditos de sua autoria e o certificado de posse de quem comprou.

Em outras palavras, o NFT é um código de computador que garante que um arquivo é único e a tecnologia blockchain garante o rastreamento de todas as suas informações na rede.

“Os tokens criados para a moda são chamados de NFTs vestíveis e têm atraído muitos investidores.

O sucesso das criações das marcas e criativos da moda inspirou a criação de um grupo focado especialmente nessa área, o Red DAO.

É a primeira DAO (organização autônoma descentralizada) do mundo, focada em moda digital impulsionada pela tecnologia blockchain, investindo em oportunidades emergentes de tendências de moda e vestuário que desmaterializam a indústria. ”

Lívia Monteiro

Outra iniciativa importante é da start up Digitalax, que tem trabalhado no desenvolvimento de um arquivo interoperável chamado DASH.

"A fundadora da Digitalax, Emma MacKinnon-Lee, acredita que assim que esse arquivo estiver pronto para distribuição será possível que os usuários que adquirirem as peças de moda digital usem essas roupas e acessórios todas as plataformas de jogos. "

Lívia Monteiro

Para tornar esse sonho real existe um grupo vinculado a Digitalax, o DASH DAO,  que visa apoiar e incentivar o lançamento do programa.

Crédito: Liden Lab/Flickr

MODA E METAVERSO

Moda e mundo virtual sempre foram uma parceria com muita sinergia!

Antes mesmo da concretização do Metaverso, as iniciativas conjuntas desta dupla são uma realidade com formatos diversos e muita criatividade.

Divulgamos com frequência estas iniciativas no blogModacad e nos posts semanais do conteudoModacad.

Desde lançamentos de modelos em jogos, como a collab The Sims e Moschino, até o lançamento de coleções inteiras, como a coleção “Jordan” da Nike lançada no jogo Fortnite. De parcerias como a Balenciaga e o desenho animado Simpsons até a criação do jogo virtual da Louis Vuitton para celebrar o bicentenário do criador da marca, ou mesmo do B-Surf da Burber, criado para promover a coleção de verão TB Summer Monogram.

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Um dos jogos que estão conquistando os apaixonados por moda e games é o Animal Crossing (Foto de Sara Kurfeß no Unsplash)

A Moda agora sai na frente mais uma vez, não apenas criando suas coleções para o Metaverso, mas explorando a plasticidade desta mídia para fazer criações de uma originalidade nunca vista.

Não dá para imaginar até onde se pode chegar criando sem os limites impostos pela materialidade da produção no mundo físico.

“Um criador de moda digital pode produzir milhões de peças em pouquíssimo tempo, sem custos adicionais ou geração de resíduos. Além disso, as roupas digitais servem como inspiração para as roupas reais porque você pode testar antes de produzir se o público vai gostar ou não de um determinado modelo ou estilo.

Lívia Monteiro

IMAGINANDO OS PONTOS E CONTRAPONTOS DESTA NOVIDADE

O Metaverso é fascinante sob todos estes pontos de vista, mas também pode ser assustador!

Possibilidades como confusões entre os acontecimentos vividos no ambiente físico e no Metaverso, a criação de dependência do ambiente virtual que nos permite viver a “vida dos nossos sonhos” e uma rejeição à realidade do mundo físico são efeitos cujas consequências na vida das pessoas podem ser avassaladoras.

“Se atualmente os filtros de beleza e alterações em imagens publicadas já são uma questão polêmica nas redes sociais, por seu efeito de alterar a realidade, a “vida dos sonhos” dentro do Metaverso pode tornar a auto aceitação no mundo real bem difícil e desencadear problemas psicológicos.”

Lívia Monteiro

(Crédito:grinvalds/iStock)

Há quem imagine efeitos opostos, apostando que o Metaverso venha a ser um ambiente de maior inclusão social e menor pressão social por padrões de imagem a serem seguidos pelas pessoas.

Eu particularmente não acredito nisso. Se o Metaverso é capaz de realizar os nossos sonhos, que sonhos são estes?

O gordo pode querer ser magro, as pessoas recatadas podem querer ser sensuais como os estereótipos da propaganda, as crianças podem querer ser adultas ainda mais cedo, os idosos podem querer nunca envelhecer, enfim estes padrões irreais impostos pela comunicação social podem se tornar ainda mais fortes.

Já imaginou um mundo sem gordos, velhos ou crianças? Para mim, a disfunção psicológica que pode ser causada por isso pode aprofundar ainda mais a não aceitação do mundo físico.

Para finalizar, há um ponto positivo que não deixa dúvidas. O mercado de consumo de produtos virtuais no Metaverso deve desacelerar o mercado de consumo do mundo físico, diminuindo também o consumo de matéria prima e a poluição, enfim diminuindo a degradação do meio ambiente causada por diversos fatores da cadeia produtiva.

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