e commerce > market place > omnichannel > novos rumos da moda sob e pós pandemia
Já faz algum tempo que as vendas online vêm crescendo e conquistando um número cada vez maior de clientes. Agora, devido ao isolamento social causado pela pandemia mundial, comprar pela internet passou a ser a principal forma de consumo para uma grande parcela da população.
Antes de tentar entender o cenário do e-commerce no mercado da moda e do vestuário em geral, precisamos ter pelo menos uma sucinta macro visão do e-commerce.
"De acordo com uma pesquisa realizada pela Statista, as vendas de comércio eletrônico representaram 14% de todas as vendas no varejo em todo o mundo em 2019, enquanto em 2018, os números simbolizavam apenas 5%."
Site Consumidor Moderno
"No Brasil, o crescimento do e-commerce tem uma curva mais acentuada por fatores peculiares ao nosso país, acenando com possibilidades de crescimento para empresários de todos os setores que souberem identificar esses fatores e explorar de forma efetiva e original as tecnologias disponíveis."
Telma Barcellos
Em 2018, com 58 milhões de consumidores online, isto é 27% da população brasileira, o crescimento do e-commerce foi de 12%.
A previsão do crescimento para 2019 era de 16%, mas a realidade superou a estimativa, com um crescimento de 16,3% no faturamento das vendas de 61,9 bilhões de reais, segundo os dados da Ebit | Nielsen, empresa global de mensuração e análise de dados, divulgados em fevereiro de 2020.
Mas os dados da e-commercebrasil apontam um crescimento do faturamento das vendas de 2019 bem superior, de 22,7%, com um faturamento de 75,1 bilhões de reais.
Em qualquer um destes cenários, as projeções para 2020 já eram muito promissoras. A estimativa da Ebit | Nielsen para o ano de 2020 é que o crescimento do e-commerce brasileiro seria em torno de 19,5%.
Mas tudo isso foi antes da pandemia. Diante de um novo cenário tão distinto, a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), fez uma nova pesquisa para compreender o comportamento dos consumidores em meio à pandemia.
Os dados divulgados em março de 2020 apontam um crescimento médio de 30%, segundo matéria divulgada pelo jornal Estado de S. Paulo, mas o presidente da associação, Maurício Salvador, afirmou ao jornal haver lojas com crescimento de até 180% em setores como saúde e alimentação.
Estamos diante de um cenário extremamente imprevisível, mas uma coisa parece muito provável. O isolamento social é um fator de impacto no crescimento do e-commerce e no geral, o indicativo é de continuidade do crescimento, ainda que a projeção dos números esteja tão incerta.
E qual é a participação do mercado de moda e de vestuário no mercado de e-commerce?
O nosso setor pode superar estas estimativas de crescimento, aumentando a sua participação neste mercado?
O conforto e a comodidade das compras online atraem cada vez mais adeptos (Crédito:grinvalds)
O mundo digital não pode ser mais ignorado pelas marcas de moda de empresas de todos os portes. Pequenas e micro também precisam entrar neste comércio sem demora.
Agora, para lidar com esta pandemia, a necessidade está fazendo com que as marcas, que não possuíam sequer um site, encontrem de forma imediata algum meio de vender seus produtos online.
O trabalho de divulgação e comercialização de produtos pode ser feito pelas redes sociais, como instagram e facebook, que melhoraram suas ferramentas de vendas com novos recursos diante desta pandemia.
Outra iniciativa que pode ser implementada mais rápido do que a implementação de um site de e-commerce próprio é a contratação de um market place que já esteja em operação, com bons resultados comerciais.
Isso tudo, além é claro, de começar a investir recursos e trabalho na implementação de sites próprios de divulgação e ou e-commerce próprio, iniciar os trabalhos de criação de reputação da marca no marketing digital e iniciar o processo de interatividade digital com os clientes através de lives, streamings e muito mais.
Enfim, de uma hora para a outra, empresas do mercado de moda e vestuário, de todos os portes e tipos de produtos, precisam começar a operar em um universo completamente novo, por isso desconhecido e além disso, bastante complexo.
Por tudo isso decidimos falar deste assunto que vai ser útil para as tomadas de decisão daqui para frente. Mas antes se faz necessário lembrar que uma grande caminhada começa com um simples passo. Achamos que uma escolha acertada é avaliar bem suas possibilidades e recursos para escolher uma primeira ação que possa ser colocada em prática de forma ágil e descomplicada. Só depois que a primeira ação estiver funcionando com a sua equipe, comece a implementar a próxima.
Começar pelas redes sociais demanda um investimento de tempo e recursos acessível. É um bom começo também porque além de fazer a divulgação de produtos e a venda online, já inicia o processo de formação de reputação da marca no mundo digital. Este processo é fundamental para a marca aparecer nas buscas na internet e também é importante para muitos outros fatores. Resumindo, é um trabalho de vendas com resultados práticos mais imediatos do que todo o aprendizado dos seus outros resultados, que a experiência vai ensinar.
Mas além das redes sociais é importante entender como esse mercado funciona e quais são os principais meios de serviços de venda digital. Por isso vamos falar sobre os conceitos de Ecommerce, Market Place e Omnichannel.
e-commerce
Também conhecido pelos termos comércio eletrônico, loja virtual, ou vendas online, o e-commerce é um canal digital usado para realizar processos de compra e venda pela internet. Toda transação é feita através de ferramentas online dedicadas ao comércio.
Ecommerce da H&M (Crédito:deepblue4you)
Portanto, neste tipo de comércio, todas as etapas da venda são feitas no ambiente digital. A divulgação, a venda, o atendimento ao cliente, o pós venda e também as técnicas de fidelização do cliente são todas 100% digital.
Muitos desafios foram enfrentados pelos pioneiros e suas soluções já estão à mão de quem está entrando no e-commerce agora. Meios de visualização das mercadorias eficientes e atraentes, a informação de dados técnicos acessível e completa, boas práticas de entrega e de devolução, a segurança do pagamento e muito mais.
Internamente as empresas tiveram que aprender como operar o marketing digital, como operar os processos de automação dos controles de estoque e finanças, entre outros desafios.
Tudo isso nos mostra a complexidade do e commerce mas, por outro lado ele simplifica muitas coisas para empresas e clientes, porque traz novas vantagens para o comércio de produtos. Entre elas estão a agilidade para oferecer variedade de cores e outros tipos de opções de cada modelo de roupa; tabelas de medidas detalhadas dos tamanhos, com as medidas em centímetros da cintura, quadril e busto das roupas; pagamentos parcelados descomplicados; a comodidade de receber em casa e a garantia de devolução caso o produto não atenda as qualidades divulgadas na venda.
Sem falar da agilidade para lançar novos modelos com o destaque e o conteúdo de comunicação criados pela marca para aquele produto, naquele contexto, por exemplo o lançamento de modelos criados para datas comemorativas.
Sem se esquecer também da praticidade para colocar e tirar produtos da "vitrine" em função da realidade de estoques disponíveis para entrega. Tudo isso pode ser automatizado inclusive.
Para terminar, hoje uma empresa pode usar mais de um canal de e-commerce para fazer suas vendas, além do e-commerce próprio em seu site. É aí que entram os market places.
market place
Quando falamos em Market Place, moda, acessórios e artigos esportivos lideram a lista de ofertas com 23% dos produtos disponíveis na internet.
A principal característica do Market Place é a variedade de empresas expositoras e de produtos que ele oferece. Se um ecommerce pode ser comparado a uma loja, a definição mais próxima para o Market Place poderia ser um shopping, um centro comercial e até mesmo, uma loja de departamentos.
Já entrou em um site e se deparou com diversos produtos, de diferentes lojas? São os sites "market place", cuja tradução literal é espaço de mercado.
São market places muito conhecidos o Mercado Livre, a Ebay, a Amazon, entre muitos outros. Existem market places específicos para a moda. Alguns deles são a Trincae, a Enjoei e a Dafiti.
Em um Market Place é possível encontrar diferentes produtos vendidos por diferentes fornecedores (Crédito:grinvalds)
O negócio é tão promissor que grandes varejistas como a Magazine Luiza, que já havia implementado seu e-commerce próprio, com um sucesso de vendas reverenciado pelo mercado, decidiu transformar a sua plataforma de e-commerce próprio em um market place.
A Magalu abriu sua plataforma de vendas para pequenos lojistas venderem seus produtos no mesmo espaço, isto é, no mesmo "market place". Você compra no Magazine Luiza, mas quem faz a venda é o fornecedor do produto. O consumidor final tem acesso às informações do fornecedor e do produto e fica garantido por todas as boas práticas de pagamento e entrega do market place Magalu.
Se uma empresa pode ampliar seus pontos de venda digital, estando presente em diferentes market places, ela pode também usar as qualidades do ambiente digital para dinamizar suas vendas nas lojas físicas e vice versa, isto é, usar as qualidades do ambiente das lojas físicas para enriquecer suas vendas no ambiente digital.
Estamos entrando na operacionalização do conceito de Omnichannel.
omnichannel
A tradução da palavra omnichannel é "todos os canais". É um termo que mistura latim e inglês. Esse nome diz quase tudo sobre o conceito. Vendas através do processo omnichannel é dar acesso aos produtos para compra de todas as formas possíveis, a todo momento, em qualquer lugar.
Ou seja, fazer com que o consumidor possa conhecer e encontrar sua marca nas redes sociais, possa comprar seus produtos no seu site com e commerce próprio e também no maior número de market places. E claro, que exista também uma loja física o mais próximo possível desse cliente com os seus produtos.
Mesmo com lojas próprias, neste conceito, podemos entender o papel de estar presente também nas multimarcas, para estar próximo de cada cliente, em um maior número de lugares.
O principal objetivo da estratégia comercial omnichannel é que o cliente se sinta seguro e passe a considerar o seu negócio como uma referência de confiança. Quando um negócio oferece atendimento nos principais canais de engajamento, o cliente sente que onde quer que ele tente contatar a empresa, ele será prontamente atendido, seja em redes sociais, chat, telefone ou indo presencialmente a uma loja.
As estratégias omnichannel permitem ao usuário acessar as empresas em diversos canais on e offline (Crédito:zhudifeng)
As estratégias omnichannel são bem interessantes também em outro ponto de avaliação. Quanto mais canais divulgarem seus produtos e serviços, maior a sua relevância nas buscas na internet, isto é, maiores são as chances das pessoas encontrarem a sua marca em suas buscas por produtos para comprar.
Com uma forte presença digital em diversos canais, as chances da sua empresa aparecer entre os primeiros resultados das buscas é bem maior.
Outra estratégia bem interessante é a possibilidade de realizar uma compra online e buscar diretamente em uma loja que esteja mais próxima de você. Com essa opção você evita o desgaste de ficar rodando na loja procurando o que precisa, mantém o desconto da compra online, já que geralmente os valores praticados são menores do que os das lojas físicas, e também não paga o frete.
O omnichannel traz diversos desafios para as empresas, um deles é ter a capacidade de realizar bem os atendimentos em todos os canais disponíveis. Mas todo o esforço pode ser recompensado se essa estratégia for bem aplicada, uma vez que ela traz impactos positivos para as marcas, que os outros processos de vendas não estão qualificados para conquistar.
Quanto maior e mais bem elaborada for a presença digital de uma empresa mais relevância ela terá nas redes (Crédito:ipopba)
Um bom exemplo disso é o contato presencial com o público nas lojas físicas aumentar as chances de fidelização do cliente nos ambientes digitais, onde a resistência é maior. Quanto mais o cliente se sente familiarizado com uma empresa, maiores são as chances dele voltar a comprar online e inclusive indicar mais pessoas para comprar.
Mas o reverso também pode ser uma realidade. Uma venda do e-commerce provocar a experiência do cliente na loja física, quando ele vai retirar a mercadoria na loja. Esta experiência reforça a familiarização com a empresa e pode, inclusive, gerar uma nova compra na loja física.
Um exemplo de empresa de moda que usa a estratégia omnichannel é a Riachuelo. O e commerce da marca foi inaugurado em 2017. A ideia desde o início era fazer com que o "on" e o "offline" funcionassem de forma integrada.
Além de marcar presença digital nas redes sociais, ter o site, o e commerce próprio, SAC por telefone e as lojas físicas, a Riachuelo também possui um cartão de crédito próprio que dá descontos exclusivos aos clientes com o cartão. Os clientes também podem comprar online e buscar seus produtos na loja mais próxima.
Agora eles iniciaram testes de espaços digitais dentro da própria loja. Os clientes podem comprar pelo site, em um ponto digital na loja e retirar seus pedidos no caixa. Outra opção em teste é o pagamento diretamente do provador.
O objetivo desses testes é estudar o comportamento dos clientes diante das novas tecnologias, para verificar se é válido implementar estas ideias em todas as lojas da rede.
Vivemos em um mundo cada vez mais conectado e engajado (Crédito:Rawpixel)
Conclusão
Por Telma Barcellos
As possibilidades são inúmeras e não existe uma resposta simples para o desafio de fazer a melhor escolha para a sua empresa.
Soma-se a isso estarmos diante de um contexto de mercado completamente alterado por esta pandemia, cujos fatores e consequências ainda não têm previsibilidade.
A realidade aponta que quando decisões precisam ser tomadas sem muita visibilidade de dados, os valores éticos, a intuição e o legado de experiências passadas entram com mais força nas tomadas de decisão.
Neste momento, podemos perceber que as marcas que responderam à pandemia se engajando em ações focadas na solidariedade com o drama coletivo, ganharam a simpatia pública. Suas ações protegeram funcionários e clientes em detrimento de proteger resultados comerciais.
São indústrias, que depois de reestruturar a produção em modo mais seguro, com redução do número de pessoas nos ambientes e nos veículos de transporte dos funcionários, dedicaram parte da sua capacidade instalada para ações sociais como a produção de máscaras e material hospitalar. Sabemos que tudo isso custa dinheiro e mais, dinheiro investido em um caminho com redução da produção. Enfim, parece ser uma decisão cuja meta é sustentar o negócio funcionando, evitando as perdas de pessoal e patrimônio letais para a empresa.
Pela reação do público nas redes sociais é possível avaliar a empatia com estas empresas e a rejeição a outras empresas, que mesmo diante da pandemia, continuam a ofertar produtos incessantemente, achando que promoções com redução de preços, aumento da divulgação das vendas nas redes sociais e a intensificação das campanhas de e-mail marketing eram a solução para os "seus" problemas.
Este tipo de escolha parece ser percebida pelo público como o quanto a visão destas empresas reduz todas as suas metas ao desempenho comercial e financeiro. Outros tipos de metas e valores parecem inexistir para elas. Incluindo as pessoas. Pessoas que são seus clientes e também seus colaboradores.
Parte do público parece pensar como os líderes dessas empresas. Inclusive, essas pessoas continuam comprando, ávidas para aproveitar as promoções "em condições de precarização da produção das empresas". Realmente, os preços de mercadorias destas promoções podem estar abaixo dos preços de custo, dado o caos na lei da ofera e procura que legitima tudo isto.
Apesar das correntes e movimentos das pessoas que se incomodam com a "falta de sensibilidade" destas marcas com o atual momento que o mundo inteiro está vivendo, seria prematuro afirmar qual destas duas "posições" tem a maioria da população.
Mas uma coisa parece estar se revelando. As melhores soluções para os inomináveis desafios de mercado nesta pandemia mundial, têm mais chances de serem encontradas pelos empresários que souberem fazer as melhores perguntas.
Quais os recursos é preciso investir e o que deve ser feito para defender a empresa e sua posição no mercado, por tempo suficiente para resistir e sobreviver no "final" de tudo isso? Esta é uma pergunta assertiva e legítima.
No entanto, outra forma de questionar este desafio pode ser:
Quais os recursos que ainda desconheço, que podem ser investidos na criação de um novo sistema de produção e vendas que responda com mais mobilidade a essa situação? O que precisamos mudar para nos manter preparados para instabilidades tão profundas quanto essas, depois que tudo isso "acabar"?
As novas tecnologias trazem novas possibilidades. Grandes mentes enxergam as oportunidades que estas possibilidades contêm. Grandes líderes fazem mais. Entre possibilidades e oportunidades, conseguem responder a grandes desafios enxergando a multiplicidade de interesses, de ganhos e perdas, ao invés de reduzir sua visão aos interesses imediatos."
Telma Barcellos
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Leia também o primeiro post da série "Digital x Presencial - Os novos rumos dos eventos de moda".
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