Os desafios da sustentabilidade na moda

Sempre que penso em Moda Sustentável minha maior questão é: como concorrer com o grande leque de possibilidades de modelos e o valor super acessível do Fast Fashion, que mesmo com baixa qualidade, satisfaz os impulsos de compra mais comuns do consumidor.

Os desafios da sustentabilidade na moda
(Foto de capa - Criador: Mitshu | Crédito: Getty Images)

Sempre que penso em Moda Sustentável minha maior questão é: como concorrer com o grande leque de possibilidades de modelos e o valor super acessível do Fast Fashion, que mesmo com baixa qualidade, satisfaz os impulsos de compra mais comuns do consumidor como estar na moda, usar a roupa "igual" a daquela atriz ou ator, seguir os conselhos de moda dos influencers digitais ou, simplesmente, o desejo de ter sempre uma roupa nova.

A indústria da moda aponta índices de crescimento invejáveis, mostrando assim que o consumo cresce de forma exacerbada. Muito consumo, geralmente, também quer dizer muito lixo.

Os impactos negativos, tanto ambientais quanto sociais aumentam, uma vez que o descarte de roupas nem sempre é feito de forma adequada e de acordo com uma pesquisa feita pela McKinsey a durabilidade das peças no guarda roupa das pessoas diminuiu pela metade nos últimos 15 anos.
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iStock-1061829496 (Crédito:Ziga Plahutar/iStock)

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As fábricas de roupas usam grandes quantidades de água, energia em excesso, produtos químicos nocivos ao meio ambiente, sem falar das frequentes ocorrências de péssimas condições de trabalho em indústrias têxteis, chegando em alguns casos ao nível de trabalho análogo à escravidão.

A expansão das lojas fast fashion e sua variedade de coleções, lançadas a cada estação do ano, são as maiores causas do aumento do consumo por impulso. A era da ostentação, do "ter" acima do "ser", faz com que as pessoas pensem que vale mais a pena comprar roupas baratas em quantidade, ainda que elas durem muito pouco, do que comprar em menor quantidade peças de boa qualidade, que oferecem um padrão de conforto e durabilidade superior a quem veste estas roupas.
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Contamos atualmente com diversas iniciativas interessantes de frear a velocidade e o crescimento dessa moda descartável. É possível perceber que há um esforço consistente, ainda que seus resultados alcancem baixa escala.

Atualmente é tendência adotar na produção técnicas de upcycling, uso de matéria prima reciclada, usar matéria prima cujo processo produtivo prejudique cada vez menos o meio ambiente e respeitar os direitos da mão de obra usada na produção. Tudo isso focado em produzir moda e beleza nas roupas e também em vender a produção a preços mais realistas. Preços que paguem por tudo isso, mas que sejam cada vez mais acessíveis ao consumidor.
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É tendência também o investimento em brechós super charmosos, em lojas de aluguel de roupas com uma linguagem mais atraente, em armários compartilhados e novos modelos de negócio que ganham dinheiro gerando novos ciclos de vida para roupas já produzidas, que seriam armazenadas ou descartadas.

Mas para haver uma mudança real neste cenário, as grandes marcas e fábricas precisam aderir de alguma forma ao papel de sujeitos desse movimento. Pequenas iniciativas cumprem bem sua função, mas não atingem as grandes massas. Caso continuem tratando essa questão como secundária, os custos e prejuízos socioambientais que a moda descartável pode causar será maior do que o que planeta pode suportar. Para se ter uma ideia, o consumo de moda aumentou 400% nos últimos 30 anos e, sem esse processo de conscientização, a tendência é aumentar.

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iStock-146004485 (Crédito:poco_bw/iStock)

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O relatório feito pela Mckinsey sugere como uma das possíveis soluções a reciclagem de tecidos, com destaque para a tecnologia de reciclagem química, já utilizada por algumas empresas como a Levi, na produção de jeans feito com resíduos de algodão.

Outra sugestão interessante do relatório envolve a população, é o investimento em ações de conscientização para redução dos gastos de água e energia nos cuidados com as roupas.

Novos comportamentos de consumo e a moda sustentável precisam ser tratados com a devida importância, tanto pelo mercado, quanto pelo consumidor.

As pessoas precisam enxergar que cada ação individual causa um impacto real e significativo no mundo. Que cada peça descartável comprada se tornará um lixo a mais em muito pouco tempo e em escalas de quantidade cada vez maiores.

Elas precisam entender que é possível consumir promovendo a sustentabilidade, sem prejuízo da satisfação de seus desejos e necessidades de estar bem vestido.

No caso do mercado, é preciso aprender produzir e comercializar com sustentabilidade, sem grandes prejuízos ao seu lucro.

Quando um desafio é bem identificado, fica mais fácil começar a busca por sua solução. Para os empresários da indústria têxtil o desafio é criar caminhos em que a sustentabilidade e a rentabilidade cresçam juntas.

Para os consumidores o desafio é criar novos comportamentos que satisfaçam seus desejos, sem torná-los escravos de seus impulsos.

Telma Barcellos

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