Moda indígena em 2021

Confira nosso novo texto sobre influências indígenas na moda.

Moda indígena em 2021
(Foto de capa - Crédito:filipefrazao/iStock)

"Há dois anos Lívia Monteiro escreveu aqui no blogModacad uma série de três artigos sobre a importância da arte e da cultura indígena na moda brasileira. Os artigos falam sobre a linguagem do grafismo de cada povo, de suas pinturas corporais, artesanato e rituais. Enfim, falam sobre a influência da cultura dos povos originários na cultura brasileira e claro, falam também dos criativos indígenas na moda.

Naqueles textos em 2019, foram publicadas as marcas de moda de autoria indígena e as marcas de moda que faziam parcerias de criação e produção com comunidades indígenas.

Agora, dois anos depois, já é hora de ter novas notícias sobre a história destas empresas e parcerias. Já é hora também de descobrir o que está acontecendo de novo nesta área de produção de cultura e moda de "alma" tão brasileira.

Como será que estes negócios de moda indígena estão reagindo a todos os impedimentos e desafios desta pandemia mundial?

Para nossa grata surpresa, descobrimos um cenário positivo! Criativos indígenas com destaque crescente no mundo da moda, algumas daquelas marcas são agora mais conhecidas e encontramos novos talentos em ascensão no mercado.

Soma-se a isso a criação do novo coletivo "Indígenas na Moda BR" para valorizar a cultura dos povos originários brasileiros!

Este coletivo vem se juntar ao veterano movimento "Descolonize a Moda", que tem a valorização da cultura indígena como a bandeira de defesa da cultura brasileira, através da qual faz seu imprescindível trabalho contra a hegemonização da importação de cultura no nosso país.

A seguir, mais uma produção de conteúdo Lívia Monteiro sobre cultura indígena! E antes de começar, vale lembrar que nossa autora é neta de uma indígena da etnia Macaxali. "
Telma Barcellos

Coletivo "Indígenas na Moda BR"

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O Coletivo "Indígenas na Moda BR" une indígenas estilistas, fotógrafos, modelos, comunicadores e designers integrando este movimento cujo objetivo é quebrar os padrões eurocêntricos da moda no nosso país.

O ideal do coletivo é revolucionar o estilo brasileiro, ampliando a voz dos criativos indígenas que atuam em várias áreas dos negócios de moda.

Mas seus objetivos de ordem prática são a geração de renda para as comunidades indígenas, junto com a capacitação profissional dos índios, que também leva à identificação e formação dos jovens talentos capazes de serem expoentes no mercado.

O "Indígenas na Moda BR" realiza estes objetivos buscando o empoderamento de profissionais indígenas de moda e do empreendedorismo com foco na inclusão social. Do empreendedorismo feito de forma justa, sustentável que respeite o ser social, mas também, e principalmente, que respeite o meio ambiente.

A conquista destes objetivos é um caminho muito promissor para a garantia de autonomia da sobrevivência destas comunidades coesas em torno de sua cultura e ancestralidade.

O coletivo "Indígenas na Moda BR" promove a compreensão da diversidade das histórias e contextos dos criativos indígenas. Apresenta para o Brasil a beleza, o talento e a criatividade dos povos originários. Conhecer é o primeiro passo para valorizar este patrimônio do povo brasileiro que é a diversidade e a riqueza cultural dos povos indígenas.

Quanto mais pessoas conhecerem esta grandeza, mais pessoas vão enxergar o indígena sem estereótipos. Isto é o primeiro passo para a inclusão de profissionais indígenas nos negócios de moda e também de outras áreas, sem a desconstrução de suas identidades culturais. Mas exatamente valorizando o que as diferenças culturais têm a oferecer.

Em outras palavras, a visibilidade da pauta indígena é que vai desconstruir o preconceito com a valorização dos talentos destas culturas. E vai também eliminar o racismo justamente pelo interesse no rico potencial de parcerias que podem ser também muito lucrativas.
Telma Barcellos

Em dezembro de 2020 a Tucum Brasil produziu um minidocumentário com o coletivo Indígenas na Moda para colaborar na divulgação dessa pauta. Confira⠀

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Descolonize a Moda

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A campanha representada pela hashtag #descolonizeamoda foi criada pela estilista Dayana Molina.

O objetivo da campanha é ampliar a visibilidade dos criativos indígenas na moda e promover a beleza brasileira quebrando a imposição do padrão eurocêntrico na moda no nosso país.

Este padrão é dominante na escolha de temas e tendências, portanto, também no design do estilo das coleções, no padrão de conteúdo das revistas, dos desfiles e finalmente na cadeia produtiva.

Citando as palavras da própria Dayana Molina em um artigo publicado na revista jornalística Carta Capital...

Descolonizar a moda é romper as barreiras do apagamento histórico que envolve os povos originários de Pindorama - o nome do Brasil antes da invasão dos colonizadores.
Não podemos romantizar a dor e a violação que sofremos. Descolonizar a moda, significa descolonizar as nossas mentes. Nos despir do racismo, do preconceito e da forma superficial como pensamos questões tão profundas.

Dayana Molina
Ativista indígena, estilista e fundadora da marca Nalimo

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2021 e as novas marcas de moda indígena

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Nalimo

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A Nalimo é a marca criada por Dayana Molina!

O estilo das roupas da Nalimo são uma manifestação da força, diversidade e da resistência do povo indígena.

Com estilo minimalista, a marca usa tecidos orgânicos, acabamentos manuais e tem sempre suas estampas, apliques e bordados inspirados nos elementos da cultura indígena.
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Para Molina é importante usar sua visibilidade na moda para ampliar a luta pelos direitos dos povos originários. A luta pelas demarcações de terras indígenas, o antirracismo, a descolonização, a liberdade de corpos e muito mais.

Uma prática da Nalimo que representa muito bem seus ideais políticos e sociais é o fato de que toda a mão de obra da marca é feminina.

Em sua maioria a produção na Nalimo é feita por mulheres indígenas, mas a inclusão de mulheres pretas, nordestinas, mães solo e mulheres em situação de vulnerabilidade são parte do DNA de inclusão social da empresa.
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Ateliê Terena do estilista Edenilson Dias Delgado

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O Ateliê Terena foi criado pelo estilista, artista e bailarino clássico Edenilson Dias Delgado e cria moda usando o tema do grafismo indígena em suas estampas.

Principalmente o grafismo da cultura Terena, mas não exclusivamente.

Sua ligação com a moda começou desde a infância, quando sua avó costurava roupas iguais para ele e seu irmão gêmeo. Observá-la trabalhando despertou seu interesse pela costura.
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Quando decidiu realizar este talento, Edenilson criou uma coleção de roupas que contava a história do povo Terena. Esta experiência ampliou o seu interesse pela cultura e arte de outros povos indígenas na criação de suas roupas. Seus temas já foram escolhidos também nas culturas dos Kaiowá, Xavante e Xingu.

Inicialmente Edenilson estampava o grafismo dessas culturas em camisetas. Recentemente ampliou o seu trabalho, passando a confeccionar outros tipos de roupas, estampadas com o grafismo Terena.

Ele lançou sua primeira coleção de roupas femininas em fevereiro de 2021 e pretende continuar mostrando a importância da valorização da arte e cultura indígena através da exposição do seu grafismo ao mundo.

Todas as peças desta primeira coleção foram desenhadas e confeccionadas pelo estilista. Além disso, ele fez todo o trabalho de fotografar as roupas e criar sua própria campanha de divulgação.
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Piratapuya

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A Piratapuya é uma marca de moda criada por Sioduhi Paulino, indígena da etnia Piratapuya.

A marca surgiu para ir além da moda. Tem o objetivo de questionar o apagamento histórico dos povos indígenas.
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Com design jovem, a Piratapuya começou sua jornada em abril de 2020 e lançou sua primeira coleção em novembro do mesmo ano.

A missão da Piratapuya é enaltecer e promover a arte e a cultura indígena com toque contemporâneo e a-gênero. Com isso a marca quer transmitir a ideia de que os povos indígenas se desenvolveram respeitando a pluralidade dos seres humanos.

O design representa o futurismo na estética indígena. Também desmistifica o conceito de que a identidade indígena está conectada à sua presença na aldeia, mostrando a identidade indígena na vida nos centros urbanos, que são cosmopolitas na sua essência, isto é, que são o espaço social de todos os povos e culturas.
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Kanutsi Arte e Moda Indígena

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A Kanutsi Arte e Moda Indígena foi criada por Patrícia Kamayurá da etnia Xingu em 2017.

Os modelos criados pela estilista são pintados à mão e registram sua ancestralidade.

Para Patrícia, a moda brasileira é moldada pela branquitude e ignora os saberes e a arte indígena, que também fazem parte da história do povo brasileiro.

Patrícia é mais uma criativa que trabalha a sua marca como uma forma de honrar e homenagear sua cultura pela memória de sua avó, por meio de suas criações.

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A Kanutsi produz roupas, ecobags e máscaras feitas de algodão cru ou linho, além de vender acessórios como brincos, pulseiras e colares de miçangas com grafismo indígena.

Além disso, a criadora usa os corantes do urucum e do jenipapo na produção das peças, que têm simbologias importantes nos rituais de pinturas corporais de seu povo.
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Onde andam as marcas que conhecemos em 2019?

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No texto Influências Indígenas na Moda publicado em 2019, divulgamos outras marcas que trabalham com moda indígena.

São elas a Arteameríndia,
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a Tucum Brasil,
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a We'e'ena Tikuna

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e a Yawanawá por Letícia. As três primeiras ainda estão no mercado. Cresceram e vêm se destacando na moda brasileira. Porém não encontramos informações sobre "Yawanawá por Letícia".
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Artistas e modelos indígenas

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Fizemos uma lista de indígenas criativos, modelos, fotógrafos e profissionais de outras áreas da moda. Confira:
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Zaya - Modelo

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Elly Queiroz - Modelo

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Noah Alef - Modelo

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Bruno Ferreira - Modelo e maquiador

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Xamanica - Pesquisadora e Diretora Criativa e de Arte

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Kwarahy - Maquiador

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Isiz Aguiar - Diretora Criativa de Moda, Audiovisual e Multimídia

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Confira também os textos "A linguagem do Grafismo e a Identidade Cultural Indígena", A Arte e a Herança Cultural Indígena e Influências Indígenas na Moda!

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